VERINHA LINDA

VERINHA LINDA

Assim que cheguei no apartamento que moro Verinha, a senhora que faz a faxina, me olhou com muita desconfiança, quem era aquela menina que adentrava aquele lar? O que ela queria por ali?

Com o passar das semanas fomos nos trombando pela casa, aos poucos conseguia arrancar um boa noite e algumas puxadas de papo, sempre sendo respondido o que havia sido perguntado, nenhuma mísera palavra a mais.

No dia que Verinha sorriu para mim foi como passar de uma fase impossível no Candy Crush:

– Ufa, nem acredito, consegui!

Certo dia reparei que tínhamos um bonito tapetinho na cozinha. Comentei alto e Verinha respondeu:

– Comprei para as minhas meninas (nós) em uma loja de 0,99.

(Ainnn somos as meninas da Verinha, me derreti)

Na semana seguinte uma lixeira nova.

– Ah não minha filha, precisava de uma lixeira nova! Comprei.

E assim Verinha cuidava da gente, e ai se a gente falasse algo que ela não gostasse, fechava a cara e amarrava um bico por duas semanas.

Fomos aprendendo a lidar uma com a outra. E Verinha passou de uma simples faxineira para uma mãezona, sempre muito dura mas o tempo inteiro pensando na gente.

Não queria contar para ela que iria embora, me embolo um pouco no quesito despedida, mas ela descobriu sem querer. Amarrou a cara como se eu a tivesse traído por não lhe contar. Tentei me justificar mas foi em vão.

Na semana seguinte fiz festa para ela mas ela nem tchum.

Mas na semana seguinte me ligou dizendo que iria sentir minha falta, mas entendia que era para o meu bem e assim ficava feliz. Ela inclusive havia pego uma caixa em um supermercado caso eu precisasse. Brinquei que queria levá-la comigo, ela respondeu que adoraria mas não poderia abandonar seus cachorros.

Hoje foi o último dia que iria vê-la, passei em casa para pagar a grana dela mas precisava sair correndo.

– Verinha, vem cá me dá um abraço! Não vou te ver mais.

No que eu terminei de falar Verinha deu as costas para mim e correu para o tanque.

Corri atrás dela, ela que mede no máximo 1,55 falou:

– Nada de abraço porque senão você vai começar a chorar minha filha!

Por mais que eu odiasse despedidas eu precisava abraçar aquela senhorinha ranzinza e assim desobedeci sua ordem e a abracei por trás.

Quando vou dar um beijo na sua bochecha vejo que quem estava chorando era ela.

Abraço-a forte e falo:

– Ah Verinha!! Você gosta de mim!!! Que linda, eu também! Mas tchau porque senão vamos ficar nós duas chorando aqui! Obrigada por tudo!

– Isso aí minha filha, até semana que vem, né? Sem despedidas. Anda, vai, vai!

E nos distanciamos cada um com olho represado de lágrima e tendo a certeza que água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.

Verinha é durona mas tem o coração mais mole do mundo! Mas pelo visto só abre depois de muito sacrifício.

Eu vou, mas vou feliz! Afinal conquistar um coração como o da Verinha não é para qualquer um! Eu que o diga quando nos vimos pela primeira vez!

Sobre Nicole

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molinha disse:

Estou em prantos lendo VERINHA LINDA!!!
Muitas saudades de vc sua fofa!!! Bjs bjs bjs

Nem fala Molinha! Uma época muito boa! Saudades da sua alegria (e do seu bolo de fanta!)