Acordo assustada no meio da noite com um barulho forte de algo quebrando.
– Qué qué isso?
Enquanto vou acender a luz,faço um backup imediato do momento que deitei. Coloquei algum copo de vidro no chão? Será que chutei o espelho que está solto? Não, espelho não faria esse barulho e se eu tivesse dado esse chute genial no mínimo estaria no meio de um filme do Tarantino de tanto sangue.
Acendo o abajur.
Nada. Nada. Nada quebrado.
Não é possível, vou acender a luz maior.
Nada. Nada.
Será que o ar condicionado está dando tilt? Perigo dormir com ele ligado, vou desligar esse negócio.
Olho o relógio, são 03:47 da manhã. A rua está em silêncio. Os apartamentos todos apagados.
Começo a dialogar comigo mesma por pensamento:
– Má que porra é essa? Eu acordei com algo quebrando!! Tenho certeza!
– Ai caceta, não era três e pouco que rolava aquele lance esquisito da Emilly Rose?
– Nicole cala a boca! Não acredito que você tá pensando nisso.
– Pô. Eu juro, acordei com o barulho, e não tem nada quebrado, to bolada. Que horas que amanhece?
– Mas também tô com um sono do carvalho.. Não, já sei, vou dormir com o abajur ligado.
– Nicole sua ridícula você tem trinta anos.
– Só o abajur…
Adormeço, depois que adormeço descubro que o que quebrou foi um copo no quarto da Cath.
Acordo incomodada com a luz.
– Que bosta essa luz, não tá me deixando dormir…
– Mas é que você estava com medo.
– Passou, foi lá no quarto da Cath.
– Mas pera aí! A Cath não mora mais aqui.
– Ai caceta preta!!! Eu sonhei! Reza Nicole, reza.
– Mas noh tô com um sono… Não aguento nem começar um “Pai Nosso”. Vou apagar essa luz, assombração se for assombração macho mesmo aparece com a luz acessa ou não. Acho que prefiro no escuro.. Sou tímida.
Acordo meio cansada e lembro que dei uma quicada na cama de madrugada, foi meio tensa a noite.
Dou mais uma olhada pelo quarto e arrumando as coisas vejo o controle do ar condicionado espatifado no chão bem escondido.
Se eu abrisse aquele livrinho “Minutos de sabedoria” estaria escrito:
A vida pode ser muito mais simples do que imaginamos.
Errr.. É.