CHICO E A (MÃE DE) PRIMEIRA VIAGEM

CHICO E A (MÃE DE) PRIMEIRA VIAGEM

Eu e meu namorado havíamos combinado de viajar para o interior de Minas neste final de semana, mas até então Chico não existia em nossas vidas.

Ficamos naquele leva não leva, Nicole fica em casa com o cachorro, Nicole viaja junto com o cachorro e nesse impasse, meu namorado confessou:

– Não sei se estou preparado psicologicamente para viajar com um cachorro dentro do carro.

Obviamente viajamos, e Chico foi junto. Ele, sua mansão, seus paninhos e sua bolinha inseparável.

A viagem transcorreu muito bem, Chico não estava entendendo o que significavam curvas, que o levavam de um lado para outro, mas logo passou a curtir a paisagem pela janela (Sim, iremos comprar o kit viagem para ele, mas lembrem-se, marinheiros de primeira viagem, literalmente).

Fizemos uma parada em um Frango Assado para tomar um café, Chico fez seu pit-stop em arvores e eu tive a genial ideia de comprar um copo de água para ele.

– Não é champagne, mas a água é Cristal, e está geladinha. Que luxo! Chico nunca na vida tomou uma água mineral.

A viagem duraria aproximadamente três horas e precisamos entrar em uma cidade chamada Mococa, para meu namorado comprar algumas coisas que ele precisaria para a roça.

(Mo-co-ca. Adoro a fonética desta cidade! Toda vez que passo por uma placa “Mococa” fico que nem uma criança repetindo: Mo-co-ca.)

Acontece que o centro de Mococa, em um sábado na hora do almoço, é caótico! Chico já havia desistido de sua casinha, o namorado já estava uma pilha porque o transito estava surreal na cidade e decidiu ir até a loja andando, pediu para que eu continuasse dirigindo e o buscasse na loja.

Pulei para o banco do motorista e encarei o caos de pessoas desenfreadas atravessando a rua em qualquer lugar a qualquer momento. Carros de som urravam promoções fazendo concorrência com motos de som. Estava presa naquele transito há cinco minutos e mais enlouquecida do que sei lá o que.

Chico aproveitou a ausência do macho alfa no carro e pulou para o banco do carona. Ou eu focava no interior do carro, ou eu focava em não matar nenhuma senhorinha atropelada. Achei de bom tom ignorar a artimanha do cão e dirigir.

Minha bolsa estava no chão do carona, quando Chico resolveu descer para o mesmo lugar. Foi então que ele começou a fazer movimentos estranhos:

– Não, Francisco. Francisssshhhco! Chico! Nããão! Cocô não, por favor!!

E de repente, o chão e a bolsa são abençoados por um tsunami de vomito.

– Cara, to muito lascada! Ferrou!

Não satisfeito em vomitar no chão do carro, Chico olhou para mim e deu aquela lambidinha esperta em seu próprio vomito. Deve ter pensado que não poderia desperdiçar comida de jeito nenhum. Depois do aperitivo, subiu no banco.

Engarrafada, com um namorado histérico querendo saber onde eu estava, que ele estava super atrasado e que eu deveria criar vergonha na cara e aprender a fazer uma baliza, escrevo no Whatsapp:

“Não sei voar, estou a caminho. Por favor, não fique muito p*, Chico vomitou.”

Chico me olhava sentadinho no banco do carona como se nada tivesse acontecido. Tão relaxado estava que colocou o pinto para fora.

– FRANCISCO!!!!! Bota esse pinto para dentro agora, menino!! Foi só o Tomas sair do carro que você resolve mostrar seu pinto? Coloca para dentro A-GO-RA!!!!

Pedia assustada, enquanto concluía que o pinto do meu cachorro era tipo um batom cor de rosa, e eu não sabia como rodar a bundinha do batom para que ele fosse para dentro.

Busco o namorado, que muito feliz com todo o contexto da situação diz: Você viu que a casinha dele está completamente vomitada, Nicole? Que ideia foi a sua de entupir o cachorro de água? Você vai lavar o carro inteiro, não quero nem saber.

E se eu fosse um cachorro, responderia com um sonoro:

Caim, Caim, Caim.

Coloquei meu rabo entre as pernas e segui em silêncio até chegar em nosso destino final.

Sobre Nicole

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Bia Derenzi disse:

O aprendizado é longo e as surpresas muitas. Mas vale muito apena.