CHICO FOI NA ROÇA E PERDEU A CARROÇA?

CHICO FOI NA ROÇA E PERDEU A CARROÇA?

Levei Chico para roça, tinha a impressão que os ares do interior iram lhe fazer muito bem.

Havia sido alertada por uma amiga, também dona de cachorro, que deixa-lo solto na roça poderia significar problemas. O dela uma vez resolveu encarnar o cão de pastoreio e achou melhor ficar tocando vacas.

Por isso, roubei uma corda enorme e amarrei na guia. Fiquei com medo dele não saber o que fazer direito com essa tal liberdade. Mas depois que ele enlouqueceu quando viu um gato abusado e quis mata-lo, agradeci por ter feito tal gambiarra!

Alias, fazendo só um parêntese, o que acontece com os cachorros nessas situações? Chico virou o diabo, enlouquecido, como se a luta do século fosse ele com aquele gato. O gato, safado (e lindo!) chegava cada vez mais perto, escondido, tipo espião e Chico literalmente pirava o cabeção.

Mas voltando com essa tal liberdade, guiada por uma corda de quarenta metros roubada da engenhoca que o namorado estava construindo.

Estávamos lá felizes e contentes indo em direção ao lago, Chico explorava cada verdinho de grama abanando seu rabo destrambelhado.

De repente ele pára.

– Ué?

Olho não querendo ter a certeza que estava tendo ao identificar o objeto analisado.

Penso: não.

Chico dá uma cheiradinha.

Grito:

– Não!

Ele me ignora.

Solenemente.

E como se o mundo ficasse em câmera lenta, com a música da Corrida da São Silvestre ao fundo, Chico encarna aqueles atletas de saltos ornamentais em piscina, vai virando em forma de cambalhota len-ta-men-te, cabeça, coleira, corpo e coração.

E finalmente termina o seu duplo twist carpato em uma quantidade absurda de bosta fresquinha e quentinha.

Francisco havia acabado de se jogar de corpo e alma NA BOSTA!

Não satisfeito com tamanha façanha ele ainda ROLOU na mesma.

Cara, alguém avisa a ele que ele ESTAVA na merda? E não mais? Alguém?

Fiquei paralisada, mais ainda quando ele veio na minha direção naquele estado lamentável, sua coleira era recheada agora, seu eu interior também, certeza.

O namorado, que estava dentro de um barquinho no meio do lago, gritou:

 É bosta, né?

Eu fiquei uns quinze minutos sem ação, sem ter a mínima ideia de como eu deveria agir depois de ver o cão que resgatei e adotei com tanto amor e carinho se jogar na merda.

Encontrei uma mangueira, e só.

Respirei fundo. O espírito materno canino, que surgiu dentro de mim, sabia que aquilo era necessário.

Banho de mangueira no Chico agora. A mangueira e a minha mão. Solamente.

chico e a bosta

Para se secar, a peste em formato de ex-cão abandonado, rolou no barro e na grama.

Quando vi essa nova etapa de rolamento, resolvi abstrair e abrir uma cerveja.

Foi aí que ele resolveu pular para outro lado, derrubar a minha cerveja e beber um pouco.

É, não sei o que é ser mãe de crianças, mas aprendi o que é ser mãe de um cão.

Vômito e banho de bosta, checked.

(Só para constar, Chico tomou seu segundo banho no PetShop em um intervalo de 4 dias.)

Sobre Nicole

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Bia Derenzi disse:

Bem-vinda ao maravilhoso e emocionante mundo cão!