N/a Crônicas
No interior a véspera de Natal é uma verdadeira peregrinação de todos os lados. Basta a tarde começar a cair que o movimento nas casas começa.
Lá a família não é apenas a que carrega o sobrenome, e sim todos aqueles os quais consideramos.
É a hora do alô.
Não sei se é pela falta de um bom sinal de internet, pelas curtas distâncias ou pelas portas sempre abertas, Natal no interior é compartilhar amor e sorriso ao próximo, ao vivo.
Ninguém precisa ser convidado, basta ir entrando e anunciando a chegada na voz, campainha jamais!
Entrando, puxando uma cadeira, tomando uma cervejinha, um prosecco, comendo um pernilzinho, sendo confundido com o outro irmão pela tia mais velha, assistindo de camarote o brilho do olhar de uma criança ao abrir seu presente adiantado.
A passadinha rápida de dez minutos dura duas horas. Sentamos em sofás ao lado de parentes do dono da casa que nem conhecíamos, mas levantamos para a próxima visita compartilhando o mais puro sentimento natalino e porque não depois de alguma prosa um carinho por aquele até antes desconhecido?
Experimentamos salpicões feitos com todo amor. Em cada porta “adentrada” um prato e um copo para chamar de seu, e aí se você não comer nada!
É a hora de contar os “causos”, com o passar das horas a ceia vira esquenta para a molecada partir para a noitada natalina, o sofá do canto da sala vira cama para os menores exaustos, é a hora da verdade no meio de patinetes e Barbies, hora de contar quem pegou quem no casamento passado, hora de um sair à francesa para empinar a carroça sem ninguém perceber.
E na hora de ir embora é ter a certeza absoluta que os abraços de despedida são sinceros e que para sentir o espírito natalino não é necessário nenhum caminhão da Coca-Cola passando em sua porta ou presentes caros, basta apenas dividir, dividir sorrisos, abraços, amor e histórias.
Feliz Natal atrasado e diretamente de um puta engarrafamento da Bandeirantes! E viva o espírito natalino, que graças a Deus ainda está dentro de mim e espero que esteja dentro de todos os wazers com caras de bravos ao meu redor.
