Moro muito perto de uma mini-pracinha, a qual costumo passear com Francisco todos os dias.
Como bom cachorro sistemático que é, Chico faz xixi regularmente no mesmo arbusto e nomeou uma tampa de esgoto como ambiente preferido para fortalecer suas patas traseiras em seu agachamento diário (meu orgulhooooo, faz cocô no esgoto!).
Essa é a sua rotina.
Quando outros cachorros estão na praça, e se ele ainda não realizou as atividades rotineiras, percebe-se nele um certo desconforto na situação.
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Outro dia cai na besteira de inventar moda e soltar Francisco da guia naquela mesma praça.
Sei lá, literalmente queria dar mais liberdade para seus momentos íntimos, né? Deve ser um pé no saco ter um papagaio de pirata esperando você terminar um momento tão pessoal…
Do nada, Francisco começou a ir em uma direção X. Tal movimento brusco me fez ligar minhas anteninhas de vinil e, em uma fração de segundos, precisei realizar que havia uma macumba posta bem na reta que Francisco havia traçado.
E não era uma macumbinha, não… Era uma macumba-gourmet! Nela não havia Cidra Cereser e sim uma long neck de Smirnoff-Ice. Não havia um charuto e sim um maço de Dunhill fechado. E no lugar da galinha, um pedaço gigante de carne – filet mignon, eu chutaria.
Francisco, ao perceber aquele bifão dando sopa não se fez de rogado. Aceitou imediatamente a quebra de contrato de sua rotina: arbusto – xixi, mais pro fundo da praça – agachamento. E como em uma cena de filme em câmera lenta, onde consigo imaginar Francisco lambendo os beiços enquanto corria, dei um berro que deve ter ecoado até a Moóca.
– Nãããão!!!!
E foi o tempo de agarrar a coleira dele com as mãos e recolher o meliante.
Não preciso dizer que fui para casa desesperada. Só conseguia imaginar a cena de Francisco devorando um bife de macumba e eu chegando em casa e explicando a situação.
Alguém desenha para a minha pessoa como eu conseguiria reverter tal acidente? Teria que forçá-lo chamar o Raul? O levaria para um hospital veterinário e exigiria uma lavagem? As pessoas entenderiam se eu explicasse a razão? As pessoas se aproximariam de nós? Chico seria amaldiçoado no lugar de alguém?
Pessoal, com macumba não se brinca! Uma vez me ensinaram que deveríamos pedir licença ao passar por uma, e como não sou boba nem nada, peço até hoje.
Inclusive, tenho grande respeito pelas pessoas que recolhem as macumbas e as jogam no lixo, essas pessoas só podem ser parentes do Chuck Norris.
Definitivamente, naquele momento, tinha a certeza que aquela seria a pior situação que eu poderia passar como tutora de um vira lata resgatado da rua.
Essa cena de Francisco se esbaldando em um banquete de macumba ficou em minha cabeça por muitos dias.
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Passada a recordação, hoje levei meu peludo para se divertir no Parque.
No Ibirapuera, existe uma área onde você pode deixar seu cachorro solto e assim Chico se diverte correndo atrás de bolinhas, cheirando tudo quanto é canto e pastoreando os cachorros que estão por lá.
Pois bem, depois de muito pegar bolinha, Francisco começou a ir muito para os cantos, cheirava árvores, dava uma mijadinha ali, acolá, até a hora que o vi mastigando algo.
Assim que percebi, corri em sua direção gritando “Francisco, não!” (Na hora do esporro, é Francisco e não Chico que sai). Já furiosa, lembrando de uns Negrescos que ele havia catado outro dia do chão naquele mesmo parque, continuei dando a ordem.
E ele continuou mastigando.
Quando já estava bem perto dele, pronta para abrir sua boca, e enfiar a mão sem nem titubear, ele cuspiu seu tesouro.
Seu tesouro?
Uma camisinha usada.
FIM.
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Conversa da Nicole com ela mesma.
– A parte que ele lambeu a minha mão em seguida eu não preciso publicar, né?
– Acho melhor não.
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Em tempo, Francisco foi tomar banho e cogitei mandar escovar os dentes dele na hora.
Mas esqueci.
Greve de lambidas até segunda ordem.
É sério, Francisco, nem adianta abanar esse rabo!
Oi Bruno! Que legal escutar isso! :o)
Chico de fato tem sido uma bela de uma inspiração, mas prefiro quando ele destrói o sofá! rss