Esses dias que passei em Mariana me fizeram reacender a fé na humanidade.
Sim. No meio de tanta tragédia e tristeza voltei mais forte.
Voltei mais forte porque diante de algo inaceitável encontrei amor, dedicação e esperança.
Encontrei dezenas de pessoas doando seu tempo de forma voluntária com o único intuito de ajudar, de fazer o bem, de adicionar onde só há subtração.
Disse palavras de força quando vi alguém chorar.
Recebi palavras aconchegantes quando me viram chorar.
Guardei toda a tristeza em uma gaveta, e deixei aberta uma janela de esperança.
São em situações extremas que conhecemos pessoas maravilhosas.
É longe do conforto e do cotidiano que sabemos quem realmente somos.
É estar há dias dormindo pouco e mal e mesmo assim estar a postos e pronta para o que aparecer.
É comer uma quentinha no chão sentada em cima de uma manta imunda e se sentir bem, pois ao seu redor existem além de muitos insetos, pessoas de bem para o bem dividindo a mesma situação e o mesmo jantar que você.
Pessoas que durante um período viraram sua família.
Em Mariana ninguém estava nem um pouco preocupado em qual era sua ocupação, sua idade ou o lugar em que você mora.
Ninguém estava nem aí se você estava sem maquiagem ou com o cabelo igual uma louca.
Ninguém se importava se você suava ou se sua roupa estava estranha e suja.
Em Mariana as pessoas só queriam doar o que elas tinham de melhor.
Quantas pessoas passaram por nós nesses dias que nem o nome sabemos mas guardamos tantas lembranças maravilhosas?
Lembranças nem sempre querem dizer uma viagem fantástica para a Europa ou um convite para uma festa incrível.
Lembranças de união, força e esperança.
Nesses dias minha alma entendeu o significado de proteção animal.
Vi uma galinha chegar praticamente morta, e vi o trabalho, dedicação e carinho de várias pessoas com um único comprometimento:
Não deixar aquela galinha morrer.
E ela não morreu.
Vi nos olhos de tantos bichinhos uma clara conclusão de que eles precisavam de nós e que éramos tudo que lhes restavam.
Entender que podemos ser a esperança que animais ou pessoas buscam nos faz criar uma casca mais dura com o que há de chocante e desesperador.
Aprendi que sofrer pela lama derramada dói, mas dói menos quando você resolve encarar a realidade e fazer alguma coisa.