AMERICANOS X DESASTRES NATURAIS

AMERICANOS X DESASTRES NATURAIS

Minha amiga morou em uma cidade de praia que foi destruída pelo furacão Sandy há quatro anos e me contou como foi realizada a gestão de crise para minimizar ao máximo os estragos causados:

Com antecedência bateram na porta de todos os moradores avisando que eles teriam que deixar suas casas em até X horas. Quem não fosse encontrado teria uma bela notificação pregada em sua porta. A ordem era obrigatória e caso as pessoas não tivessem para aonde ir, abrigos estariam sendo disponibilizados para as mesmas.

Assim que o furacão passou, qualquer pessoa que fosse pega na região destruída seria presa por crime federal, uma vez que a área ainda não havia sido analisada e a segurança dessa pessoa estaria em risco. Sim, a pessoa seria presa por estar arriscando sua vida. Vai que enquanto passa pelos escombros, algum vazamento de gás causa a explosão do descumpridor de ordens? Antes preso do que morto, né?

Em pouquissimo tempo toda a cidade já havia sido mapeada e todas as casas haviam sido classificadas de A a F, onde A significava que os estragos haviam sido zero e F destruição total da propriedade. A classificação estava inclusive disponível no site da prefeitura.

Tendo esta informação mapeada, dividiram a cidade em Norte e Sul e autorizaram os moradores a buscarem pertences que coubessem em um grande saco de lixo somente – desde que a casa da vítima não tivesse sido classificada como destruição total.

Foram estipulados datas e horarios para os moradores buscarem seus pertences, mas nas primeiras semanas apenas os idosos foram autorizados a retornar às suas casas – já que precisariam buscar remédios, e por remédios idosos não poderiam esperar.

Um ônibus foi disponibilizado para transportar os moradores dentro da cidade, já que ela estava com todos os acessos interditados.

Todos os moradores respeitavam os horarios estipulados e a quantidade de retirada permitida.

A prefeitura pagava semanalmente hoteis para os moradores enquanto suas casas eram reparadas. Era apenas necessário comprovar onde você morava. O hotel era pago inclusive para aqueles moradores que tiveram “pequenos” danos em suas residências, exemplo: o cano estourou.

Também foi dado uma ajuda de custo, já que todas essas pessoas não poderiam cozinhar e por isso teriam que comer fora todo dia, por exemplo.

Fiquei espantada com a eficiência do mapeamento da cidade! Pera aí! Acho inclusive que nunca havia visto tal mapeamento no Brasil.

Minha amiga contou também que a cidade recebeu ajuda do exercito e de pessoas de todo o país, já que era um estado de calamidade e por isso as coisas precisavam funcionar e rapidamente.

As casas (todas ou quase todas) foram reformadas para que ficassem mais altas e para que uma nova inundação não danificasse tanto suas estruturas. A cidade é cercada por mar e canais.

Hoje, quatro anos depois do furacão, estive na prefeitura da cidade e pude ler em um cartaz:

Precisa de ajuda com os estragos do furacão Sandy? Entre em contato bla-bla-bla.

QUATRO ANOS DEPOIS. Na PREFEITURA! Não era nenhuma ONG ou organização privada, não.

Durante essa conversa só consegui pensar nas inúmeras tragédias naturais ocorridas no Brasil que só não foram mais catastróficas porque uma coisa sabemos fazer bem: nos unir quando dá merda e nada podemos esperar dos governos.

Sobre Nicole

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