Chico não curte gatos. Age de forma histérica, late, chora mas também abana o rabo. Quando vai para o interior dá pequenos shows dramáticos e os gatos que não são bobos nem nada, sobem nas árvores mais altas e só observam aquela baixaria.
Aqui no Rio a metragem quadrada é bem menor do que a de uma fazenda. Bem menor. E nessa metragem em plena Copacabana habitam uma senhora de 84 anos com senso de equilíbrio um pouco desgastado, uma tia nos trinques e o Chopp.
Chopp é um LORD em forma de gato. Foi adotado por nós há uns sete anos de uma família ótima, que cruzou a ponte Rio-Niteroi com ele e telas de proteção para nossa janela.
Chopp nunca sofreu na vida, já que saiu de berço esplêndido e veio ser um típico gato-rei de Copacabana. Seu maior drama é quando o moço do Pet o leva para fazer as unhas.
Já Chico sofreu e apanhou na rua, mas hoje recebe o mesmo tratamento VIP de Chopp, mas em SP.
Parte desse tratamento inclui levá-lo para toda e qualquer viagem em que seja possível chegar de carro. Após a experiência em duas estadas em hotelzinho – dramáticas com direito à greve de fome, xixi e coco, trocamos o conforto da ponte aérea por 7 horas de carro até o Rio. Geralmente 2 delas são gastas para sair de SP. Coraçõezinhos.
Desde a primeira vez que trouxemos Chico para o Rio, optamos por separa-los dentro de nosso feudo Copacabanense, pensando obviamente na segurança de Chopp, nosso gato que tem tamanho de cachorro e teoricamente por nunca ter precisado na vida seria um Ze-Bobão, propenso a ataques de ex-cães de rua cheios de malandragem.
Mas vira e mexe deixo o Chico passear pela casa. Quando o alvo é encontrado o encaminho para seu lado do muro correto.
Chopp pode se machucar.
Ontem percebi que mesmo debaixo do sofá, Chopp foi se aproximando do Chico, como que se falasse: Qual é, meu irmão? Essa área é minha. Tú não te mete.
Recolhi nosso peludo.
Hoje soltei Chico na sala novamente e descobri que Chopp é o Van Damme de Copacabana. Deu uma coça no Chico, correu atrás, peitou e fez posição de ataque de tai-chi-chuan.
Chico tadinho, correu do primo gato. O primo gato correu atrás, e após separa-los pelo muro da paz, que é uma grade, percebi que Chopp tem muitas bolas, apesar de fisicamente não ter mais nenhuma.
Pico de adrenalina antes das 9 da manhã em dia de protesto pro e contra Dilma aqui na porta de casa.
De repente escuto uns barulhos.
– Aí meu Deus, Chico deve tá passando mal!
Que nada. Olho pra debaixo do sofá e vejo Chopp tendo uma pequena crise asmática. Após me certificar que estava tudo sob controle, dei risada.
Chopp precisou ser macho pela primeira vez na vida, mas tudo que ele gostaria agora seria umas belas gotas de Rivotril em seu potinho! Mas não contém para o cão do muro ao lado!
Só entre a gente… Alguém indica um psicólogo para gatos?