HUMANIZA SÃO PAULO

HUMANIZA SÃO PAULO

Nada como andar de bicicleta para humanizar São Paulo.

De bike o tempo é outro, parece que a câmera da vida muda.

O cenário é o mesmo, mas o ângulo, os sons e o timing são bem diferentes.

Aliás, que ideia genial fechar a Av. Paulista aos domingos, hein?

Fauna e flora paulistana se reúnem ali, entre uma garoa e outra.

Impossível não comparar com a orla do Rio fechada.

Ah, mas não tem mar!

Não, não tem. Nem nunca vai ter.

Mas tem garoa, quer coisa mais paulistana do que uma garoa na Paulista?

Que tal parar de resmungar da falta do mar e sorrir ao ver cachorros, triciclos e músicos se misturarem com tantos outros naquele mar de antenas?

Sim. Podemos humanizar SP! É só uma questão de perspectiva.

Andando a caminho da Paulista, aguardando o semáforo abrir e o bandeirinha do Conviva liberar nossa saída, olhei para o lado.

Vi pobreza, mendigos, seus papelões e seus fiéis companheiros, os cães.

Vi uma caminhonete com três mulheres parada.

Vi um mendigo gesticulando para as mulheres.

Foquei ali, já matutando que uma confusão poderia estar sendo armada.

Imaginei já o morador de rua abordando as mulheres.

Estava certa.

Mas estava errada.

Aquelas três mulheres distribuíam água gelada para aqueles moradores de rua.

Me lembrei de uma reportagem que vi tempos atrás, não sei se era sobre aquelas moças especificamente.

Mas a reportagem mostrava uma moça que sempre pegava garrafinhas, as enchia de água potável, colocava-as no freezer e saía para distribuir para os moradores de rua.

E isso acontecia ali, no meu campo de visão em pleno domingo de sol, minto, garoa.

Três mulheres aproveitavam seu domingo distribuindo água gelada para moradores de rua.

O semáforo abriu, e segui junto com o fluxo de ciclistas, mas meu coração ficou ainda um tempo parado ali, naquela São Paulo humana que a gente às vezes até dúvida que exista.

Sobre Nicole

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