N/a Crônicas
Queria confessar com extrema vergonha que garotiei em pleno Rio de Janeiro.
Perdi um rebolado imprescindível para a sobrevivência em almoços de restaurantes a quilo.
Tudo bem que não os frequento desde o tempo que risquei meu nome de todo e qualquer crachá, o que me colocou em posição de novata novamente.
Saí da nutri com fome, sim, sou daquelas que se puder marca a nutricionista no primeiro horário para que nenhuma refeição interfira na contagem do peso.
Hoje não deu, mas consegui sobreviver apenas com um pão na chapa e café com leite no estômago.
Saí dela motivada, apesar de ter visto no meu histórico que meu menor peso foi atingindo com ela, anos atrás e nove quilos a menos. Mas tal peso foi antes dos meus fatídicos vinte e sete anos, idade que seu metabolismo passa a sambar em slow motion na sua cara e antes de eu me mudar para São Paulo.
Praticamente em uma outra encarnação.
Apesar de estar comendo como um demônio da Tazmania estou dentro de um range aceitável para o que minha obstetra deseja até o final da gravidez: Dez quilos.
Já foram cinco quilos, quase vinte e uma semanas e agora fui comunicada que o bicho vai pegar, já que o demônio da Tazmania estatisticamente aperta o turbo em todas as grávidas entre a 21 e 26 semana. Não que eu não soubesse. Me sinto em uma eterna larica de maconha.
Sempre saudosa na minha amada Copacabana, decidi parar no Aipo & Aipim para quem sabe fazer minha última refeição com um quê de inconsciência a um preço camarada (HAHAHA TO-LI-NHA. Tinha esquecido que a precificação de Copa é baseada em dólar turismo e convertida em real.)
Arroz à grega (nossa, quantos séculos não comia algo assim), batata rosti (PALMAS PELA ESPERTEZA DE BATATA ROSTI EM UM QUILO), picanha (sim, eu praticamente vegetariana comeria um boizinho inteiro se puder, Deus me perdoe por isso), umas batatinhas chips pq né? Rosti é rosti e chips são chips e COUVE FLOR GRATINADA.
Mermão! Quer pegadinha maior do que batata rosti em um quilo do que couve flor GRATINADA?
Atrás daquele gratinado, em cada galhozinho se esconde um galão de cimento pendurado. Em CADA galhozinho.
Conclusão: 0,505 gramas da maior garotiada que uma garota carioca direto de Copacabana pode dar.
Essa minha vida no fantástico mundo de Moema está me colocando dentro de uma bolha não aceitável perante a sociedade ma-lhaaaan-dra carioca.
Mas tudo bem! Hoje pelo menos matei a saudades de um bom e velho busão, com direito a motorista não parando no ponto e quase capotando com as doces freiadas a caminho da janela da frente.
Aliás, TRÊS E OITENTA uma passagem de ônibus!?
Que cidade cara!
(E olho para meu papelzinho do quilo e concordo comigo mesma).
Couve flor gratinada no quilo, valeu, foi bom, ADEUS, não tenho cacife para te bancar.
E fui embora tão falida quanto quando deixei Dubai com uma meia-caneca de camelo que dizia:
“Dubai is so expensive that I could only affort a half mug”
