Dormir grávida é como uma partida de Tétris. Acredite, se não há encaixe não há jogo, ou melhor, sono.
Hm… Encaixe… Valeu ô espírito de quinta série, eu estou falando de encaixe para o sono, senhores leitores de plantão. E taí uma coisa que grávida faz gostoso quando consegue… dormir!
(Cara de satisfação garantida)
Na gravidez tudo muda, inclusive a disposição da cama e dos membros que nela dormem, no meu caso um cão e um pai-em-formação.
Uma boa noite é aquela em que você dorme em uma barreira de corais, ou melhor, uma barreira de travesseiros. Sabe aquela cena de seriado, onde a forma do corpo de alguém assassinado é feita no chão com um giz? Então, é tipo isso, mas no lugar do giz, travesseiro. E dependendo do sono, é quase como se morressemos e retornássemos do além depois do sono profundo mesmo…
Não estranhe se o seu cachorro se sinta apertado e resolva pegar sua mantinha e dormir em sua própria cama, lutar contra uma barreira de travesseiros é para quem tem muita força de vontade. Isso também pode vir a acontecer com o ser humano macho, tá? Não ligue se um dia ele amanhecer no outro quarto.
Hoje por exemplo, a cama que é wanna-be king size, amanheceu tal qual um videoclipe a la marido da Kim Kardashian, mas no lugar das quinhentas pessoas, quinhentos travesseiros e uma grávida solitária e muito BEM DORMIDA!
(Aplausos ao fundo de programas de comédia americano dos anos 80)
Como mencionei lá em cima, a noite de sono de uma mulher grávida é uma partida de tetris humano em que vamos encaixando travesseiros e barriga.
Tá, seria lindo se fosse só isso. Mas vale lembrar que dentro desta barriga há um mini ser morando em um quitinete sub-alocado, onde os móveis desse quitinete não são pregados e por um acaso são os meus órgãos.
Esse ser humaninho a cada dia aumenta seu puxadinho clandestinamente e como tudo na vida há um limite, sei que um dia esse puxadinho vai explodir, e espero sinceramente que eu não esteja na fila do supermercado neste momento.
Os filhos já ensinam a gente desde que estão em nosso ventre. Apesar de eu ter tido n aulas de Ciências na escola sobre o corpo humano, nunca tive tanta consciência dos órgãos que eu tenho quanto agora.
A neném faz as vezes de guia escolar em dia de passeio em museu.
Mas esse guia faz uso daquelas varinhas para mostrar exatamente onde fica tal coisa, sabe?
Junte essa informação com o fato que este quitinete é como se fosse um barco à deriva em um oceano turbulento. E a cada decisão da mãe, no caso a cada decisão minha de mudar a posição, os móveis, ou melhor, os órgãos do quitinete soltos se deslocam junto com o guia que tenta no meio desse caos se manter equilibrado.
– Curva de emergência para a direitaaaaa. Opa! RIM À VISTA! PLOFTT!
– Movimento de 180 graus sendo percebido!
Trumtrumtrumtrumtrum. Como naqueles ecocardiogramas de terremoto, sabe?
O quitinete todo treme, é mais um terremoto com a escala Ritcher ainda não identificada. Não tem como a neném não tentar se proteger.
É vida ou morte.
– Opa! O que esse diafragma está fazendo aqui? Vou bicar esse treco para evitar mais uma colisão!
E lá vai a mãe ficar sem ar durante a troca de posição.
E sim, com tanto aprendizado intra-uterino, a mãe já compreende que barriga para cima é como se o barco estivesse de cabeça para baixo em relação ao nível do mar, ou seja capotado, logo o que você faria se você estivesse dormindo feliz em sua bolha e seu barco capotasse?
É gente… Até outro dia eu realocava investimentos, agora realoco órgãos, travesseiros, marido e cachorro.
Pensa que é moleza?