EM SP SAIBA SEU NORTE

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Eu nasci sem bússola, logo…

Eu nasci sem bússola, logo meu senso de direção é lastimável. Preciso ir quinze vezes a um mesmo lugar para ter uma noçãozinha de como chegar na décima sexta vez.

Vivendo no Rio sempre trabalhava em parceria com o mar, já que minha vida baseava-se na Zona Sul e quiçá Centro da cidade. A Barra por mais que também tivesse mar era maior, então zicava todo meu material de bordo.

Em São Paulo aprendi na marra que se você errar uma ponte, fudeu.

Fudeu não, fudeu é uma palavra muito forte. O que acontece mesmo é que quando você erra uma ponte você para é na casa do Caralho.

A casa do Caralho é uma casa que frequento com assiduidade nestas terras paulistanas.

Ao chegar por aqui tinha pavor de nomes como Bandeirantes, Washington Luiz e 23 de maio. Eram nomes extremamente imponentes e maduros para uma carioca vindo de um balneário repleto de Vinicius de Moraes e Vieira Souto, pânico no Rio para mim era Américas, logo essas vias paulistanas durante muito tempo só me fizeram cia enquanto no banco do carona.

Mas né? Eu erro pontes e já perdi as contas de quantas vezes precisei encarar essas vias de boa (ou não), tentando não me imaginar como um pontinho insignificante no meio desta pauliceia desvairada. Vai e se joga! Tinha que pensar. Enquanto vou errando, aguardo meu batismo na tal da Radial Leste! Mas uma hora chego lá, certeza mano!

Agora o que me deixa mais Panic at the disco em São Paulo é errar a ponte, o caminho e parar na casa do Caralho setor Morumbi!

Algumas pessoas, assim que aportei por aqui, me fizeram a maior lavagem cerebral para com o bairro, e somado às constantes notícias nos jornais e rolês perdidos sem querer, inclusive a noite com quilômetros de rua e mato sem luz, me fazem quase ter um treco quando minha falta de senso me joga por aqueles lados.

Até porque estar na altura do Morumbi para mim é estar na barreira do desconhecido. É começar a ler placas de rodovias que não costumo pegar e Diademas da vida. Nada contra absolutamente a esses lugares, apenas minha coleirinha de menina do balneário acaba a corda neste perímetro e eu dou uma certa empacada.

Tenho um casal de amigos que mora no Morumbi, e por isso volta e meia entro em contato voluntariamente com um fantasma implantado em minha mente, mas existe um trato, no Morumbi o namorado que dirige.

Bom, mas toda vez que me perco, estou sozinha e obviamente paro aonde? No Morumbi, lógico.

Hoje não foi diferente e confesso que tenho o maior peito aberto do mundo para simpatizar com bairro tão nobre do Banco Imobiliário. De coração, Morumbi, seduza-me.

Mas hoje, ao errar a bomba da entrada da ponte Estaiada que me levaria a Moema, o Waze me manda como rota fazer um caminho dentro do Estacionamento do Extra do Morumbi!

O Waze certa vez já havia me mandado fazer o mesmo, mas achei que ele estivesse maluco ou que fosse uma ação de marketing do Extra para que eu fizesse umas comprinhas.

Mas não! Sair do Morumbi tem como rota rodar no Estacionamento do Extra! Com direitas e esquerdas super coerentes. Depois desse rolê todo já me vi cuspida no outro lado da Marginal, né?

Lógico que não, passei horaaaaaas passeando por essas bandas. Horas não, minutos mas que pareceram horas. E depois de mais uma visita à casa do Caralho eu só peço.

Morumbi gracinha, morumboa-me? Porque tá complicada nossa relação.

Sobre Nicole

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