TELEGRAMA

Dim, dom. Toca a campainha.

– Olá, seu José. Como está?

– Bem e a senhora? Hoje trago a Readers Digest e um telegrama.

Coração acelera.

– Ai meu Deus telegrama!

“Meu amor, a casa caiu, gosto de outra.”

Descreveu o namorado que estava a trabalho lá no quintos dos infernos.

Ela tinha todo o tempo do mundo para desesperar, poetizar ou traduzir aquele telegrama.

Já nos dias de hoje, a casa caiu se tornou nome de bar, em francês.

Provavelmente antes do remetente avisar ao destinatário, a vítima já recebera prints no WhatsApp e já curtira sem querer a foto da peguete, enquanto fuxicava depois de ter sido presenteada com a ficha completa da lady em um Google de clique.

Em questões de minutos as fotos no Instagram foram deletadas, xingamentos homéricos proferidos no WhatsApp, uma make dos deuses preparada e uma confirmação em algum super evento do dia de hoje no Facebook mesmo ao som de Let it go, Let it go, graças ao Wi-Fi que conecta automaticamente na casa da melhor amiga seu Spotfy.

É impressão minha ou o tempo nos tempos de hoje voam?

Ih a lá, foto nova no Instagram. Quem é esse mocinho ao lado dela? E essa hashtag? ‪#‎desejotodasinimigasvidalonga‬

Ah, deve ser o novo peguete dela. Vou curtir.

Duplo clique.