DOCES ENCONTROS

Batendo papo com Dona Carmelita comento sobre a morte de Ariano Suassuna.

– Mas também né Vó, já estava na hora dele descansar, já estava velhinho, já deu tantas alegrias para o Brasil.

– Pois é minha filha, se para mim ele já estava velhinho é porque estava mesmo, né?

– Eu já te contei que uma vez encontrei com ele?

Antes de responder, pensei: Gente minha Vó era a David Brazil dos poetas? Conhecia todo mundo!

– Não, Vó! Já sorrindo tendo a certeza que lá vinha história.

– Uma vez eu estava na fila da Caixa Econômica e o vi lá na frente. Eu sempre fui fã dele né, Nick… Não resisti…. Não resisti… Fui até ele, o cumprimentei e disse o quanto o admirava. Ele foi super-simpático e pareceu ter ficado bastante feliz.

– Voltei para meu lugar e reparei que havia um rapaz mais novo que também o reconhecera. Quando Suassuna saiu da fila, foi em nossa direção e fez questão de nos cumprimentar. Filha, você não vai acreditar, mas acho que ele cumprimentou o rapaz achando que ele era meu marido! Mas posso garantir, eu estava mais para a idade do Suassuna do que para o rapaz.

E riu.

E eu ri junto.

Rimos da arte dos encontros embora haja tanto desencontro por aí.