A VIDA

A VIDA

Aproveitando o horário de verão, resolveu apreciar o pôr do sol às margens do trânsito.

Pensou na vida, pensou na falta de tempo, pensou no trabalho.

Tão robôs que somos! Só olhamos a nossa própria programação e na maioria das vezes só olhamos para fora porque somos obrigados, engarrafados por exemplo.

Como a avó sempre manda levar o casaco, a vida espalha a todos os ventos o clichê do viva o agora, o problema é que a gente que não dá bola.

Enquanto pensava em um futuro naquele céu rosado, luzes vermelhas piscavam e dois homens conversavam pacificamente no meio meio da via. Pareciam esperar.

O tempo deve ter sido de duas rodadas inteiras dos pneus, foi o tempo necessário para enxergar mais. Uma maca ao chão e um corpo enrolado em um grande “papel alumínio”.

Ele, ela, alguém.

Alguém com amigos, família, alguém com uma vida, agora ali, ao lado de cones, esperando o que já não podia mais esperar.

O trânsito seguia, as nossas vidas também.

Por um momento desejei que ele/ela/alguém tivesse ao menos conseguido reparar naquele lindo fim de tarde.

Lindo fim de tarde para um triste fim.

É Renato, é preciso amar as pessoas… Porque se você parar… Na verdade não há.


Sobre Nicole

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