A VINGANÇA

A VINGANÇA

Hoje testemunhei uma vingança impagável.

Estação de trem lotada, trem chegando também lotado. Nessas ocasiões apertando aqui, sufocando acolá um ou dois apressadinhos conseguem adentrar ao clube da sardinha. Não é uma regra, mas a tentativa sempre é obrigatória.

Hoje estava no pelotão da frente quando uma sardinha de trilhos dessas parou na minha frente. Eu, no alto dos meus 1,75 de altura sempre fui péssima em física mas sabia que o meu corpitcho não caberia naquela lata.

Um “colega de pelotão” se jogou lá dentro sem dó nem piedade, imaginei aquele momento em que o “Boca Rica” está tão cheio que explode, mas não, a lataria deve estufar naquele trem – literalmente – e não explode.

Motivado pelo colega de pelotão, outro rapaz se aventurou, mãos e cabeças para dentro e o corpo para fora. Aquela porta não fecharia nem com o auxílio dos funcionários da CPTM que tem como função dar aquela mãozinha, ou melhor, empurradinha em bundas e bolsas para que as portas se fechem. Ele insistia, mandava as sardinhas apertarem que ele sabia que cabia. Ele queria se encaixar em qualquer espaço de ar disponível.

Enquanto ele gritava para com os passageiros, olho para a outra porta do mesmo vagão e vejo um anão super na atividade.

Olhou, olhou, calculou, viu que não ia dar e quando começou o apito para as portas fecharem ele disparou a correr em minha direção. Enquanto isso, o mau educado era expulso for forças centrífugas (aliás qual o nome da força contrária mesmo? Era essa daí!).

Se eu pudesse pedir uma música ao moço do Fantástico seria a trilha da São Silvestre, ou seria das cenas de corrida em slow motion? Bom o que importa é localizar a música que estou falando.

Enquanto o cara era expelido do vagão o pequeno valente driblou os adversários, como em um jogo de futebol procurando onde cabecear, achou um buraco no canto e lá se encaixou como uma última peça de um quebra cabeça. Segundos depois a porta se fechou, nosso mini-herói com o rosto colado no vidro abriu um sorriso, levantou a mão e se pôs a dar um adeus.

E eu pude testemunhar às gargalhadas que um anão também pode sacanear um grandão deliciosamente bem! Pensei em tirar uma foto, mas preferi assistir de camarote.

A vingança tarda, mas não falha jamais!

Sobre Nicole

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