– Aceita ticket?
Quer resposta melhor em um final de semana do que quando o garçom diz sim para uma pergunta sem fé, meio incrédula, só para constar?
O cenário antes cinzento e frio rapidamente muda para um dia ensolarado, azul com arco íris ligando uma nuvem a outra e passarinhos voando igual aos desenhos infantis.
Pagar bebida com ticket refeição é o ápice do sentimento da malandragem.
É como se burlássemos o sistema.
É como se a pessoa jurídica pagasse sua diversão!
É na hora da conta – ao colocar a senha – fazer dancinha mental.
O ticket não entra na classe de “dinheiro”. Ticket é tão dinheiro quanto as notas do banco imobiliário.
É um momento “fuck tha police”.
É uma revolução para um rebelde sem causa – ou um adulto com saldo acumulado.
Melhor que isso sendo um assalariado só podendo pagar taxi com Vale Transporte!
Mas sagacidade mesmo foi o dia que a mocinha do meu antigo trabalho descobriu que nas Lojas Americanas aceitava ticket.
Esta mesma mocinha sempre levava comida de casa e possuía um ticket de dar inveja a qualquer um.
Pois é, seu almoço de cada dia virou uma TV de LCD! Naquela época em que tubo na TV era mais certo que o não do garçom do bar no final de semana com a famigerada pergunta feita baixinho:
– Aceita ticket?