DA DOÇURA DE UMA CRIANÇA

DA DOÇURA DE UMA CRIANÇA

O jogo foi sofrido e de copo de buteco sempre cheio igual garçom motivado em casamento.

Foram 45′ + juiz ladrão + 45′ + nervoso + 45′ + 15′ + pênalti + 15′ + adrenalina + julio cesar é rei = ufa, classificados.

Depois que a adrenalina baixou, a cerveja fez efeito de ansiolítico.

– Gente, vou dar uma dormida.

Cochilinho da classificação, aquela satisfação. Sono reconstrutor, da quebra da rotina no meio da tarde e com passarinhos piando.

De repente, ouço passos de corrida em direção à câmara de descanso.

Pequenos grandes passos.

Estou naquele sono em que posso perceber o que acontece ao meu redor mas não quero nem um pouco sair do meu infinito de sono particular.

Pof, pof, pof.

O barulho vai ficando cada vez mais próximo.

– Ai Cristo…. Não.. Não… Lá vem o furacão do João…

– TIA NICOLE!! TIA NICOLE!! Olha!!

E sai acendendo a luz com um iphone na mão pulando na minha cama:

– Olha uma foto nossa no Instagram!!! Olha tia!!!!!

E mostra a foto que eu havia postado numa alegria tamanha, que mesmo bêbada – de sono – precisei me render e jogar a rosnada embaixo da cama.

– Jojoca, só faz um favorzinho para a tia… Apaga a luzzzzzz!!

E sai no mesmo foguete que chegou.

Enquanto escrevo esse texto, deitada no sofá com uma mantinha azul bebê, Jojoca aparece, olha desconfiado para minha manta achando que eu estou usando a dele. Alguns minutos depois ele reaparece com uma manta igual:

– Olha minha cobeRRta, é igual a sua!

E pula ao meu lado:

– Você tá taaão quentinha tia!

E vai recostando em mim, junta as mãozinhas, recosta no meu peito e apaga.

Como não amar um pequeno furacão?

É Jojoca, assim você vai para o Instagram de novo.

Sobre Nicole

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