E no meio de tanta gente no centro da cidade do Rio de Janeiro indo e vindo, uma centena de vendedores de balas e chocolates com suas barraquinhas.
Cada um com sua promoção e estratégia de marketing para atrair sua clientela.
Hoje, passeando pelo centro com olhos de visitante, pude reparar um pouco mais nesses trabalhadores.
Um camelô atendia com sua esposa em uma rua movimentada como em toda esquina, porém uma delicadeza chamava a minha atenção: Um banquinho, não para você descansar, afinal, quem anda no centro da cidade sempre tem pressa.
Naquele banquinho a regra era clara: “Apoie aqui a sua bolsa.” Um pequeno mimo para um comércio onde a quantidade de pequenas embalagens precisa de mãos para segura-las, e quanto mais “mãos” livres, mais balas 7 belos para somar na conta final.
Um mimo do terceiro camelô da Rua São Jose a estibordo do engraxate.
Mais para frente, meu namorado comenta que sempre compra chocolates com uma senhorinha beirando seus 80 anos e me mostra:
– Olha lá, o Talento custa R$1,00. Ele é meio vencido, aliás, ele vence no mês da venda por isso deve ser baratinho assim…
E continua.
– Só que a senhorinha não sabe contar, e toda vez que compro lá, ao me dar o troco, ela pede para eu checar se o troco está correto.
Ele não explicou a razão de sempre arriscar no chocolate quase vencido, mas tenho a impressão de que no fundo no fundo, ele fica em paz de saber que alguém não se aproveita desta pequena falha matemática naquele mundão onde malandragem e a seriedade atravessam a Rio Branco lado a lado.
No centro da cidade, são os pequenos detalhes que fazem toda a diferença.