Você respira fundo no The Fifties, ou melhor, prende a respiração, faz uma prece e pede uma salada enquanto descansam em sua mesa seis porções de batata frita com maionese.
Você passa quinze dias dizendo não a todo o tipo de tentação comestível, dando risadinha para as brincadeiras em relação ao seu foco.
Você repassa chocolate suíço, ignora a presença de cookies ao seu lado e faz cara de blasé quando deixam na sua frente um pote de paçoca.
Finge indiferença com a batata do Prime Burguer enquanto desfruta de um salmão com salada.
Bebe Soda Zero em pleno sábado na Vila Madalena. Se engana pensando como é bom passar vários chopps sendo a motorista da rodada.
Te chamam para o Due Cuochi para uma despedida, você olha o site com o coração apertado e responde com sinceridade a razão do declínio do convite e oferece um café em contrapartida. Pedir uma salada em um italiano assim é heresia, falta de respeito e estar em um ambiente desse sem poder desfrutar é como estar amarrado e sofrer de cosquinhas nos pés.
Você nega vinho, você nega farofa, você nega pro secco e cerveja c* de foca. Você nega quadradinhos de chocolates em reunião.
Sua jaca é a inclusão de requeijão light no molho do jantar ou então a ingestão de algumas castanhas do Pará com damasco em uma sexta a noite.
Comemorações com o namorado são alteradas, o convite para jantar é trocado por outro tipo de surpresa: Sprite zero e comida saudável em casa cozinhada por ele.
E faltando apenas um dia para o retorno na nutricionista, UM mísero dia para o possível fim de tanta restrição, para a pesagem da porquinha, sou convidada por uma tia amada que não vejo há anos para jantar no RUBAYAT!!!!
“Nicky, Rubayat você pode é carne!”
Não!!! Rubayat é pão de queijo!!! É batata linda, maravilhosa, deslumbrante, brilhante, gostosa, hegemônica, ESTUFADA and com uma carne excelãn! É cheiro da minha infância paulistana! É o reencontro depois de 25 anos! É natureza, é árvore, é vida!!
Eu não sei se começo a chorar, se pulo da janela mas não há santo que me prove que ser magra é sinônimo de felicidade. Prefiro ser gordinha gargalhando com um guardanapo nas pernas lá no Rubayat, com um cesto de pão de queijo fervendo na minha frente, enquanto a melhor batata do mundo caminha no doce balanço a caminho do grande reencontro mas errrr… Logo HOJE? De todos os dias existentes no futuro desse mundão, hoje?
Não há palavra motivacional que vá acalmar meu coração por ser obrigada a declinar tal ticket para o paraíso, definitivamente.
E não me venham com um pedacinho de chocolate amanhã no final do dia como prêmio por essa etapa cumprida, me venham com convites para o Rubayat! (Cara do gato de botas).
É, como dizem por aí:
There is no free lunch!
Literalmente!
—-
PS.: Não é que consegui adiar a ida ao Rubayat para o dia depois da nutricionista! \o/