Domingo é dia de feira perto da minha casa, e feira sempre é sinônimo de cores, sabores e sorrisos.
É impossível sair de uma feira triste.
Impossível.
Você entra na feira de um jeito, sai de outro.
Seja porque recebeu um milhão de “Bom dias”, porque conseguiu um preço camarada, porque provou aquele abacaxi mais doce do mundo ou porque se rendeu aos pastéis de feira.
Bom, em São Paulo os pasteis de feira são um espetáculo à parte. Na feira que eu costumo ir eles ficam em todas as entradas, to-das, em primeiro plano da “encruzilhada” da alegria.
A feira abrange duas ruas, fazendo uma cruz de barraquinhas e acredito que grande parte da magia da feira é conquistada graças aos pasteis simpáticos localizados estrategicamente nos extremos. Uma macumba do bem.
Hoje escapei ilesa dos pasteis, com o coração partido, escapei. Passei por eles segurando a respiração e entoando um mantra “Não-vim-aqui-pra-isso-Não-vim-aqui-para-isso”. Deu certo fisicamente mas minha alma chora de arrependimento.
Mas como disse antes, ninguém entra em uma feira e sai como entrou, mesmo negando a melhor opção da baixa-gastronomia paulistana.
Fui comprar flores para presente. Encontrei uma barraquinha de um simpático casal de japoneses, que me ajudaram na escolha sem tentar empurrar somente as opções mais caras e sim as mais alegres.
Coraçõezinhos para eles.
Decidi enquanto ele embrulhava o presente, levar um vasinho de empolgadas margaridas amarelas, para combinar com minhas cadeiras. Sim. Empolgadas margaridas porque elas estavam tão amarelas que pareciam loucas para ornar em algum lugar desse mundão, ou de Moema mesmo.
A senhora me perguntou:
– É para presente também?
– Sim! Presente para mim, mas não precisa se dar o trabalho de embrulhar não!
E sorri para ela.
Enquanto isso ela tá que vai de um canto a outro procurando algo, vai em várias rosas, mexe pra lá, mexe pra cá e tira uma escolhida a dedo.
Ao mesmo tempo arruma minha margaridinha em um saco de supermercado, enquanto o marido embrulha o presente presente.
Ela embrulha a rosa-aleatória, pega a máquina do cartão, passa minha compra, agradeço e trocamos sorrisos.
Presente na mão, margarida na outra, a senhora me entrega a rosa escolhida a dedo, sorri e fala:
– Pronto, presente para você também, só que embrulhado.
Só não abracei a senhorinha japonesa porque não tinha mão livre, abri um sorriso do Oiapoque ao Chui e voltei para casa toda florida.
De corpo e alma.
💛✨