N/a Crônicas
Não se começa post assim, mas é foda.
A desigualdade social sempre existiu, mas é foda.
Agora, uma senhorinha, com brilho no olhar, nos abordou no sinal da Santo Amaro, pedindo uma ajuda.
Eu e meu namorado não tínhamos dinheiro trocado, mas já iniciamos a conversa na negação.
Só que aquela senhora foi tão graciosa, tão linda, tão educada.
Cumprimentou meu namorado, cumprimentou a mim. Nos olhou nos olhos, entre os dois dedos de vidro aberto que separavam nossos mundos, e mesmo diante de nossa recusa foi linda conosco. Se despediu carinhosamente, nos abençoou, desejou um feliz final de semana e foi embora sorrindo, enquanto nós já estávamos totalmente iluminados por ela e sorrindo também.
Agora estou com os olhos cheios, querendo levar aquela senhora debaixo do braço e contrariada como uma criança que questiona tantos por quês.
Eu sei. Eu sei que esse é o nosso país. Eu sei que isso é conseqüência de muita coisa, de muita gente que só pensa no próprio umbigo.
Eu sei que todo mundo é culpado, eu também.
Desculpem o desabafo quase infantil, mas foi (é) foda.
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Após esse desabafo, um amigo recente (ainda irei contar a história de como nos conhecemos) me escreveu:
“Sentimento nobre o seu , talvez essa senhora tenha sido um anjo de Deus para despertar em vc um sentimento nobre e mostrar que mesmo na adversidade ela sorriu !!! Pense nisso mensageiros existem.”
E de repente, aquele sentimento ruim se tornou esperançoso, e segui viagem melhor.
Sim, mensageiros existem! Chamem-os como quiserem!
Obrigada Tadeu!
