Levei um pouco mais de duas horas para limpar a minha área de serviço. Pense na sujeira e no talento da moça que vos escreve enquanto eu conto que na área existe espaço para uma maquina de lavar, um tanque, o gás, um armariozinho e uma lixeira.
Metade destas duas horas eu passei limpando o basculante de cima da porta, que separa a grande área da grande cozinha. Acho que aquele espaço da casa nunca na vida havia visto qualquer tipo de solução de limpeza. Mas pera, a moça que fazia faxina? Bom, deixa para lá.
Lotada de todos os dotes do mundo (oi modéstia), exceto o de dona de casa, comecei meu empreendimento de limpeza animada com direito a trilha sonora no Spotfy. Tempo vai, tempo vem, usei todos os panos de chão disponíveis da casa. Quando cheguei na hora da cozinha lembrei que precisaria deles e tive uma genial ideia:
Vou lavar todos os panos na máquina, na função extra rápida e na quantidade mínima de água (Limpinha porém consciente).
Joguei os panos na máquina como quem está fazendo merdinha escondida. Já conseguia visualizar um balãozinho surgindo acima da minha cabeça com um holograma do Tomas me recriminando, dizendo que pano de chão se lava no tanque e não na máquina, que na máquina lavamos roupas e que o pano é sujo, bla bla bla.
Mas pera lá! Se a maquina é de lavar, ela lava, não?
Enfim, JOGUEI! Ele não estava presente e nunca iria descobrir mesmo.
A máquina parou, tirei os panos e reparei que lá dentro jaziam alguns muitos fiapos. Pensa na máquina como um ralador de cenoura, é assim que ela se parece por dentro, né? Pois então, dentro dos buraquinhos existiam fiapos, muitos fiapos.
Lá fui eu tirar os fiapos com a mão dando graças a Deus que a máquina não era um multi-processador que ligaria sem querer enquanto enfiava meio corpo dentro dela.
São só fiapos, pensei. Vamos aos meus paninhos lindos, branquinhos e limpinhos.
Os panos estavam embolados uns nos outros, super rasgados e comecei a ver a cena que eu mesma atuava em câmera lenta.
– Puta que pariu, destruí todos os panos de chão da casa!
Nesta hora a cena foi congelada, apareceu em alguma letra cafona tipo Comic Sans a frase: Hoje ela entendeu o significado de EM FRANGALHOS.
Sim, estou com um problema, mas usarei esse problema para desmascarar o meu próprio namorado! Sim! Estou invertendo o jogo, saca só:
Tomas sempre curte meus textos, mas já o peguei curtindo sem nem começar a ler, do tipo: “Vou dar uma moral para minha namorada”. Ele não sabe, mas ele faz isso já automaticamente, como um hábito.
Outro dia o questionei. Fui tirar a lição e ele foi sumariamente reprovado. Não fazia a mínima ideia do que eu havia escrito. Pô gente, eu não quero que meu próprio namorado seja um fake, um like comprado. Isso é completamente anti-ético.
Então irei jogar os panos fora, ele vai chegar, vai encontrar a casa limpa, vai sentar no sofá, dar aquela relaxada, entrar no facebook para ter o momento caixa vazia dele e fazer o papel de namorado incentivador da Nicole que não consegue escrever menos de três linhas.
Se três minutos depois ele gritar meu nome, fudeu!