A primeira vez que soube de sua existência foi na semana passada.
Ao entrar na garagem do prédio, meu namorado o cumprimentou com uma levantada de mão.
Achei que era apenas cordialidade de vizinhos.
Perguntei se o conhecia e ele respondeu que o encontrou certa vez no elevador indo passear com o cachorro.
Me disse que o menino era muito simpático, articulado e que parecia gostar de conversar, inclusive foi o menino que puxou papo com o ele. Me contou também, que ele tinha aquele buraco no pescoço, que o impedia de falar como todos nós.
Depois disso ficamos em silêncio pensando nessa informação.
Hoje ao entrar no elevador dou de cara com esse menino e seu lindo cachorro. Ele com seu roupão habitual (imagino que ele deva cair da cama para passear com seu amigo).
Dou bom dia a ele e bom dia para o cachorro, que se mostra zero tímido com minha presença e começa a me cheirar.
O menino me responde um bom dia sem muito som e reparo em seu pescoço, ao fazer a trajetória para reparar no cão e retribuir o bom dia com um carinho em sua cabeça.
Pergunto se ele – o cachorro – quer ir trabalhar comigo.
E pergunto para o dono se é ele ou ela.
– Ele. O menino responde.
O cão abana o rabo, fica em duas patas e me abraça.
– Nossa, ganhei um abraço de urso de graça? A essa hora da manhã? Obrigada!
E dou uma risada.
O elevador chega no destino do menino e antes de sair ele me dá um abraço e um beijo na bochecha.
Assim, do nada.
De graça como seu cão.
É, acho que tirei a sorte grande hoje. Ganhar dois abraços de urso assim do nada de dois desconhecidos me parece um ótimo sinal e já fez meu dia começar bem!