N/a Crônicas
Alphaville é um super condomínio completamente planejado dentro do município de Barueri na Grande São Paulo. Aqui tudo foi estrategicamente pensado e separado por áreas e tipos de necessidades, um lugar friamente calculado onde andar 700 metros em uma mesma avenida não é tão simples quanto se parece.
Bom, é preciso um taxi então. Mas em cidades friamente planejadas ninguém resolve pegar um taxi do nada. Como tudo em São Paulo, é necessário se programar, ou neste caso chamar o rádio-taxi.
Meio sem graça, peço para o rapaz do flat chamar um táxi e no meio do tramite vejo uma pessoa desembarcando em um táxi aleatório.
– Moço, deixa para lá, o taxista vai ficar meio bravo de ser chamado para andar três quarteirões, vou tentar esse daqui…
– Boa tarde! O senhor está livre?
– Não, não, estou indo para xyz lugar para pegar uma corrida.
– Mas para ir para lá o senhor vai descer a Rio Negro? Preciso ir para o número 500.
– Vou sim.
– O senhor então pode aproveitar a viagem e me levar?
– Lógico, entra aí.
Carro ligado, partimos em direção ao destino comum.
– Moço, o senhor não ligou o taxímetro.
– Mas nem vou ligar não, estou te dando carona.
– Nãão moço, pelo amor de Deus!! Depois carioca fica com fama de abusado e não sabe por que! Eu te abordei com a intenção de pagar a corrida e aproveitar que o senhor ia passar aonde preciso ir. Dez reais paga?
– Minha filha, eu só queria te ajudar, mas se você for ficar brava desse jeito eu vou ter que aceitar, mas queria que você soubesse que ainda existe gentileza nesse mundo, viu?
E ainda tem gente que fala que não existe amor em SP, sei!
Obrigada, Isabela!