I CAN SEE CLEARY NOW THE RAIN IS GONE?

I CAN SEE CLEARY NOW THE RAIN IS GONE?

Sem lente, sem guarda-chuva, atrasada para um compromisso e irredutível a gastar mais um real para um possível táxi devido a chuva.

Vamos pegar um ônibus então, pensei.

O ponto de ônibus que antes poderia ser considerado sempre cheio de pessoas e na minha metáfora em milhos, como em um efeito gremmiling – leia-se água, transformou-se em um saco de pipocas, ou melhor em um mar de guarda-chuvas.

Um desfile de alegorias mal pilotadas e mal alocadas.

Um grid de formula um.

À esquerda os possantes Mercedes Benz e seus pilotos.

À direita modelos no estilo trabalhadores sensualizando na chuva com seus incríveis guarda-chuvas de 5 reais e a Nikita.

La femme Nikita, cabelo lambido, scarpin estilo inundação de usina hidrelétrica, duas bolsas e sem enxergar um número sequer!

Meus 2 patinhos na lagoa do bingo tinham outro número.

511 era meu pato, afogado.

511 era tudo que eu precisava e o único que me levaria aonde eu queria.

Franzo a testa, ultrapasso o guarda-chuva número 23, esquivo do 18 e tento ler o ônibus que vem à frente.

Quem foi o raio de pessoa que mandou pintar todos os ônibus iguais?

Cadê a parceria com os ceguetas do lusco-fucso em dias de chuva ?

Eu sou do tempo que ônibus se pegava pela cor!
Eu não sei você, mas depois de algumas tentativas de cegarem a Nikita embarquei feliz em meu coletivo.

Feliz que nem pinto no lixo.

E como em uma cena de filme em que o mocinho acorda com os olhos embaçados retomando o foco da visão lentamente vou lendo:

5-6-9 Laranjeiras.

Fim.

Sobre Nicole

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