N/a Crônicas
Para quem acompanha meus textos essa é a Joselia, visivelmente mais cansada e desanimada quanto ao seu primeiro dia de trabalho.
Faz tudo com muito cuidado, passa produto a produto como se fosse seu. Anota cada compra com toda delicadeza em seu caderninho de controle.
Tive certeza absoluta que esse cuidado – que não reflete tanta rapidez – deve causar algumas bufadas pelos clientes impacientes em suas filas.
Seu cansaço e o meu eram visíveis mas bastou eu inserir o meu CPF que recebi seu acolhedor “Boa Noite Nicole”.
– Boa noite Joselia.
Confesso que pela sua fisionomia cheguei a cogitar que essa delicadeza havia sido destruída pela batalha do dia a dia.
Mas não. Fez piadinhas sobre a terrível escassez de moedas e como era bom para ela aquela hora da noite eu pagar com cartão.
– Benza Deus, minha filha! Tô com quase nenhuma moeda aqui! (Falando baixinho como se fosse um segredo)
Infelizmente, o mundo deixa de lado a qualidade e a cordialidade em troca da pressa e de uma vida no automático.
Do mesmo jeito que a maioria dos caixas fazem.
Passando os produtos ou a vida sem perceber.
Uma pena.
