N/a Crônicas
Conheci meu melhor amigo há 17 18 anos atrás , na época não imaginava que o menino que só usava Banana Republic nas matinés do Fun Club e pegava praia na Vinicius carregaria tal peso ao longo de tantos anos.
A amizade entre homens e mulheres sempre foi vista com desconfianças, mas soubemos desde sempre administrar muito bem isso, afinal de contas tínhamos em mãos um escambo incrível no auge da adolescência! Ele me apresentava seus amigos e eu apresentava as minhas! O que ao longo de tantos anos reuniu historias engraçadíssimas, namoros, paqueras, foras homéricos e afins.
Passamos por poucas e boas, na maior parte do tempo mais boas do que poucas! Confesso que assim que meu melhor amigo fez 18 anos e ganhou seu carro, ele curtia sair dos estacionamentos da Barra sem pagar passando direto pela cancela, e muitas vezes eu estava ao seu lado meio incrédula, mas estava lá!
Ele me confortou quando o coração doeu inúmeras vezes, tomamos muitos chopps terapia, tomei muito esporro, fomos a muitas festas, eu filava as choppadas da PUC, já que minha faculdade não possuía tal item de entretenimento. E foi na época da PUC que os serviços de psicologia retornariam, ele estava completamente apaixonado por uma menina da sua turma.
Engenharia dura cinco anos, e confesso que ele passou muito mais sufoco para conquistar a menina do que para passar pelo ciclo básico, até que uma hora ela cedeu! Meus ouvidos agradeceram ao Senhor!
Já éramos adultos, a fase da farra já havia passado, a vida ficou corrida, ele foi morar em SP mas sempre sabíamos um do outro. Nunca me abalei muito pela distância, até porque quando nos encontrávamos sempre parecia que não nos falávamos há pouquíssimos dias.
Um belo dia resolvi fazer um bate volta no Carnaval de SSA, passei na casa de um amigo de amigo e dou de cara com quem? Ele e ela! Neste carnaval, ele me chamou em um canto e disse que iria pedir sua mão em casamento naquele Carnaval. Meses depois uma surpresa, o convite para ser madrinha, convite este que ele teve todo o cuidado do mundo para ser surpresa!
Não é porque ele é meu melhor amigo, ou melhor é, mas eu quase tive uma síncope nervosa na hora de entrar naquele casamento. Ele fez questão de me colocar para liderar a entrada dos amigos, e foi meu primeiro grande amigo a casar! Tremia como vara verde e ouso falar que quase competi com ele no quesito choro – e olha que ele chorou bagarai… Eu havia acompanhado a trajetória de vida daquele menino inteira. Sabia de cada dor, cada alegria e cada conquista, e ele estava casando com uma menina incrível, que depois de tantos anos já nem media mais qualquer confissão quando ela estava por perto, afinal, ela e ele eram a mesma coisa, a Rê para mim passou a ser a extensão do João.
Um dia ele me chama para comer uma pizza e ao chegar percebo que ele está completamente bobo alegre, a Rê com o sorriso largo de sempre. Nos cumprimentamos e percebo que ele está se comportando como uma criança escondendo algo. Quando dou por mim, realizo o porque daquele convite tão insistido para jantar, a Rê estava lindamente grávida! E mais uma vez ele fez questão de me contar! Nos encontramos uma ou duas vezes depois desse jantar, mas sempre em contato querendo saber noticia daquela barriga que só crescia. Na ultima conversa falei, me dê noticias quando nascer!!
Essa noite exatamente às 01:34 da manhã recebo um Whatsapp dele com a foto mais linda do universo e uma mensagem: Seu sobrinho nasceu!!!
E naquela hora quase duas décadas se passaram entre mensagens de bêbado na juventude à mensagens direto de uma maternidade na madrugada, e além de ficar com o olho cheio de lágrima entendi que mais do que nunca a amizade pode ser administrada cada uma do seu jeito mesmo não estando perto diariamente mas fazendo questão de compartilhar os momentos mais importantes de sua vida e se fazer presente, a hora que for!
E isso não tem preço!
