N/a Crônicas
Aqui em São Paulo descobrimos que cada bairro é como uma pequena cidade com suas características peculiares, ruas principais, comércios e afins.
Pois é, mas antes de continuar o meu texto de carioca do balneário amado que tanto sinto saudades, das águas as vezes caribenha do Arpoador, preciso fazer uma correção.
Como sou do Rio, uma cidade com dimensões bem menores, percebi que cometo muitas vezes uma gafe. Na maioria das vezes o que chamo de bairro é um distrito.
Vamos expandir essa mente, e expandir geograficamente seus pensamentos, garota carioca, suingue sangue bom – cochichou na minha mente algum paulistano da gema gourmet.
Moema oficialmente é dividida em alguns bairros. Tem o bairro de Indianápolis, Vila Uberabinha, Vila Nova Conceição e provavelmente esqueci alguma outra Vila.
Isso oficialmente, porque no mercado popular, no boca a boca do dia a dia só existem duas Moemas.
Moema Pássaros e Moema Índios.
Confesso que com tantos cachorros no bairro, distrito, país de Moema, acho que deveríamos fazer um plebiscito para classificarmos uma Moema Cães também.
Mas no popular, ou você mora para lá da Av. Ibirapuera, ou você mora para cá dela.
Dependendo da localização do seu habitat, inclusive, você provavelmente vai fazer parte de uma rota de aviões e nunca na sua vida, eu disse NUNCA poderá dar a desculpa que o despertador não tocou.
Eu moro em Moema Pássaros e sim, aqui existem muitos pássaros. Muitos. E como todo despertador que se preze, aqui começamos a despertar com os doces piados dessas pequenas aves. Tá, às vezes rolam umas maritacas meio histéricas mas é natureza, vai.
Calma aí! Interrompe o texto um pouquinho… Se aqui em Moema Pássaros, começamos a acordar com doces passarinhos, será que em Moema Índios…. Bom, deixa para lá Curumim iê-iê.
Mas em São Paulo tudo é grande, e nossos pequenos passarinhos rapidamente se transformam em grandes pássaros com turbinas e aeromoças com o cabelo super em ordem quando você ainda está meio Elba Ramalho vintage na cama.
Aqui se não acordar com piado acorda com turbina em aceleração máxima. Você já abre os olhos com umas cem pessoas suando no pé e rezando impreterivelmente às 7:03 da manhã.
Tal horário me leva a crer que a rota que passa três prédios para direita do meu não é o da ponte aérea, que começa às 6 hrs, mas sempre mudo de ideia quando dois minutos depois mais cem pessoas passam voando a três prédios do meu de novo.
Para essas pessoas, que agora suam os pés quase em cima da minha cabeça, agradeço o despertar de todos os dias e depois do terceiro avião na cabeça quero pedir música no Fantástico.
“Estou a dois passos, do paraisooooo.”
E vocês aí em cima achavam que estavam na pior!
