NÓ DE GRAXA

NÓ DE GRAXA

No prédio do meu escritório trabalha um senhor muito simpático que cuida do sistema de ar condicionado. Muito educado, porém muito na dele.

Saindo do trabalho, cruzei com esse senhor em meu andar.

– Boa noite.

– Boa noite minha filha, vai com Deus.

– Amém, pensei.

Não sei por que, mas ultimamente me sinto sempre melhor quando alguém me fala isso. Parece besteira, e de repente é, mas minha simpatia por aquele senhor naquele momento havia ganho mais alguns pontinhos.

Após a saudação vi que ele havia chamado o outro elevador.

Pensei: Normal, as pessoas tem pressa. Eu já havia chamado um, mas vai que o outro chega primeiro?

Qual não foi minha surpresa ao adentrar o “meu” elevador que chegara primeiro e segurar a porta com as mãos:

– Ué, o senhor não vem?

– Minha filha obrigada, é porque eu estou sujo.

Meio “oi?” respondi:

– Ué, e daí?

O senhor apareceu no meu ângulo de visão mostrando seu uniforme.

Sim, ele estava sujo de graxa e eu já havia percebido mas e daí?

– Anda, vem. Entra no elevador!

Curioso que o fato de eu, Nicole (who the fuck am I gente?), “permitir” que ele pegasse o mesmo elevador que eu, sem graxa, pareceu um divisor de águas.

Em nossa rápida viagem ele abriu seu coração, ou melhor, seu dia e explicou como é terrível manter ar condicionados com a maresia da praia.

– Você não sabe o trabalho que me dá as vezes, desabafou sorrindo.

Já no térreo me despedi:

– Então, um bom resto de trabalho pro senhor.

– Bom descanso, minha filha.

E só depois dessa carona amiga, ele percebeu que somos iguais.

Com graxa ou sem graxa.

Oi? E depois dessa sugiro mais uma criação de nó de marinheiro.

O nó no coração.

Sobre Nicole

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