Estamos presenciando o fim de uma era.
Somos testemunhas oculares de um fim de um passatempo, ou melhor, o fim de um passa-tempo.
É o fim.
É o fim do papo de elevador.
Lá se foi o tempo onde o silêncio sepulcral de uma viagem de doze andares era interrompido com o clichê dos clichês:
Cof, Cof.
– Será que vai chover?
Perguntar sobre o tempo dentro de um elevador hoje em dia virou pergunta com resposta pronta.
Bem no estilo “Qual é a cor do cavalo branco de Napoleão?”
Bem acima de nossas cabeças a resposta se faz presente em forma de TV nos informando além do tempo, a bolsa de valores nas principais capitais do mundo.
Agora não há mais chances de encurtar a viagem, não há mais dúvidas, agora o que temos são fatos.
E contra fatos não existem argumentos, e argumentos geram papo.
Mas a esperança volta a brilhar quando adentramos em um elevador sem tamanha tecnologia.
Ainda há chance para a tradição em um tempo onde as informações estão cada vez mais rápidas.
Ainda há portas pantográficas por esse mundão afora, ou pelo menos nos consultórios médicos de Copacabana.
E em situações pantográficas assim adentram três pessoas no elevador para mais uma viagem.
Simultaneamente as três pessoas abaixam suas cabeças e sacam seus Iphones de seus bolsos para o último suspiro de seus 3Gs dentro daquela fria caixa movediça.
É.
É o fim da aventura humana na terra.