Acordo esta manhã com frio.
– Ué.
Olho a previsão do iPhone: Chuva.
Olho a previsão do app da Yahoo: Chuva.
– Ué.
– Logo hoje que já estava tudo separado… Vou arriscar… Hm… É… Não.. Tá, calça. Saco.
Enquanto o dia passava eu ia recebendo fotos dos filhos e sobrinhos das minhas amigas tomando banho de tanque, balde e piscina de plástico.
O verão no Rio de Janeiro é infernal.
Resolvo ir à academia após o trabalho e me livro de mais de quinhentos quilômetros de trânsito – sem querer (malhhaaaandra!).
Me enfio na aula de yôga. Setenta e cinco minutos de descolamento do caos paulistano.
Saio da garagem após a aula em estado de alfa e em fração de segundos o alfa se torna:
– Meu, que chuva é essa mermão!!!
Se a polícia me pegasse eu estaria lascada. Esqueceram de me contar que para morar em São Paulo era preciso ser arrais amador! Agora entendi porque vendem lanchas no caminho para Congonhas!
Oito carros enguiçados, quatro reboques da SulAmerica, quatro funcionários futuramente gripados, um carro com pneu furado, uma santa alma trocando o pneu sentada no chão e outra santa alma segurando o guarda-chuva como se fosse uma modelo de formula um protegendo um Hamilton da vida do sol. Um carro rodado na pista no lado esquerdo.
Comecei a tentar puxar da minha memória RJTViana se o Rio Pinheiros transbordava, mas só me lembrava do Rio Maracanã.
Bom, não tinha jeito, era matar ou morrer na beira da praia… Se não tiver você…
Droga, porque não fui na concessionária para descobrir como liga o rádio do carro depois da revisão?
Sem Internet, Claro.
A sorte é que a quantidade de raios era bem significante então dava para dar uma clareada no caminho e nas ideias.
Onde antes eram seis pistas, agora só existia uma. Descobri que paulista é um bando de cagão que acha que é feito de açúcar – dentro do carro.
Mas eu também…
O Waze dava suspiros de vida, e nesses suspiros avisava: Cuidado, chuva à frente – em looping.
Really? Não diga.
À minha esquerda e à minha direita alguns metidos a wakeboarders passavam fazendo ondas e esparramando água pra cima do meu vidro.
(Onda, onda, olha a onda. Clap. Clap.)
O limpador de vidro já gritava histérico – ele não fazia a mínima ideia de como fazer a velocidade seis do créu, já que a cinco não dava mais vazão.
Mandei mensagem de voz para o namorado, que estava em outro Estado.
– Amor, melhor eu te dizer que nunca dirigi numa chuva tão bizarra só quando eu chegar em casa né?
– Relaxa amor, prende a respiração e vai.
Grrrrr.
Aquelas lições de aquaplanagem que aprendi três vezes na auto escola tiveram seu momento de aula prática:
Poça, poça, poça, oeeeeeeeeee, pousa, pousa.
Sabe aquele nervoso do avião pousar no Santos Dumont ? Tipo isso.
E vamos gritar um viva ao cara que fez o carro parecer um Zip-zipa-tudo. Vi-va!
Não satisfeita, para todo o lugar que eu olhava eu via faróis vermelhos (luzes do freio não semáforos, ok?)
É Natal em São Paulo!
E aprenda uma coisa Nicole:
Verão no Rio é verão no Rio. Verão em SP é verão em SP e cada um trabalha com o verão que merece.
E terminamos o texto com uma poesia carioca:
“De sai-nha.”