Minha filha já ganhou alguns presentinhos, sempre recebidos com aquela cara de “ain-gente-que-gracinha-não-aguento-com-tamanha-lindeza” que arremete mães de primeira viagem.
Pois bem. Baby-sauro recebeu também – com muito amor – o repasse de ursinhos de pelúcia do papai, separados com todo carinho e cuidado pela vovó.
Trouxe todos para São Paulo e refleti.
Refleti.
Refleti e comecei a rir.
Estava em mãos com tamanha obviedade que ri.
Ursinhos brand-new, até com etiquetas, provando que não existiam no mundo quando meu boy era criança, trancafiados há muitos anos em fundos de armários mineiros.
Não. Papai de baby-sauro não comprou esses ursinhos.
Papai de baby-sauro ganhou esses ursinhos.
Pausa – não tão dramática assim – mas pausa.
Pego um deles, olho, e penso: É a cara dele! Um zangado dos sete anões. E sorrio sabendo que estou sendo cúmplice de algo/alguém que o pó dos armários e dos anos acumulou.
Que madura! Respiro, orgulhosa e simpatizando com o espírito esportivo da moça.
Olho a etiqueta e lá jaz a prova da minha teoria: Um de-para direto do túnel do tempo.
Hm. Nada pessoal, mas não quero que minha filha tenha como referencia de ursinho favorito um presente de uma ex-dos-velhos-tempos, né?
Jogo a questão para as amigas:
– Taca no lixo!
– Lixo, agora!
– Ah, corta a etiqueta! Se bem que não, tadinha da sua filha ter um zangado de pelúcia…
– Lixo, não! Doa!
– Posso criticar? Que letra de criança!
– Se alguém perguntar por que o bicho sumiu diz que ele atacou sua alergia e por recomendação médica manter todos seria complicado.
– Mas eu não sou alérgica.
– Diz que havia o risco de transmissão de H1N1 e com isso não se brinca.
O comitê das amigas foi claro, mas mesmo assim não senti aquele rebuliço estomacal, sabe? Seria a plenitude da maternidade? Só entendo que racionalmente não fazia sentido aceita-lo na família.
Como última chance de vida em nosso lar, ofereço o Zangado para Francisco, que cheira e despreza o anão.
Bom, se até Chico não quis…
Aproveito e recolho outra pelúcia para doação – já que sou contra as orcas do Sea World e o ursinho é uma orca com etiqueta do parque, e mantenho os dois ursinhos restantes – que achei mais graciosos – sob custódia provisória.
Obviamente foram presentes de falecidas – não registrados nas etiquetas – mas magicamente estão sendo beneficiados pelo budismo da maternidade…
…até meu próximo revés hormonal <3.
Nada pessoal, meninas!
E sogra amada, precisamos conversar…
😂
[Pós-post] Os ursinhos restantes foram liberados após depoimento do boy e confirmação de sua procedência não-amorosa.