N/a Crônicas
O que você faz da sua vida só cabe a você. Bom, na vida fora dos clichês sabemos que não funciona muito bem assim, mas sabemos que pelo menos a conta desses atos uma hora chega para você.
Nunca me revoltei na adolescência, no máximo passei um spray azul em uma mecha do meu cabelo no RockInRio em que a Britney Spears e o N’Sync se apresentaram. Nesta época, se soubesse do potencial do Justin Timberlake não teria feito tal ato, muito menos registrado isso em um site de fotos supercool da época chamado “penetra”.
Pensado bem, acho que tenho problemas com mechas, já que aos doze peguei uma água oxigenada e passei em uma mecha também. A conta tanto chegou que hoje em dia preciso pagar uma fortuna para emplastrar meu cabelo de um litrão de água oxigenada para cobrir as mechas de err.. Cabelos digamos… mais albinos.
Mas vamos falar sobre o dia de hoje, o dia em que eu cometi a maior sacanagem que um ser humano pode fazer para com o seu próximo.
Hoje resolvi ousar, desafiar Saturno. Desafiar Dilma, Aecio. Desafiar a lei sagrada de não beber e não jacar na segunda-feira.
Em pleno horário comercial começou a bagunça, aceitei trufas suíças e instintivamente mirei na trufa alcóolica. Entre um comentário e outro agradeci por aquela trufa ser tão pequena. A fome que eu estava me deixaria de porre na quarta mordida.
Violação #1 somada à violação #2.
Beber e comer chocolate em plena segunda-feira!
Sai do trabalho com muito sono, de repente por efeito das 10 gramas de trufa etílica ingerida no chá da tarde.
Não sei se aquelas trufas eram alucinógenas. Eu havia entendido que elas eram suíças, mas sabe se lá se elas não foram extraviadas para Amsterdan no meio do caminho…
Só sei que voltei para casa varada de fome. Havia um desejo dentro de mim. Eu precisava comer um Mc Donald’s e achei melhor ousar entrando em um Drive Thru. Violação #3 ao infinito!
– Moça, eu quero um Big Mac!
– Mas meu amor, aqui diz que depois das 16 hrs agora o Big Mac vem com quatro hambúrgueres, interpelou o namorado.
Nada mais me importava, eu estava cega de fome.
– Batata grande, por favor!
Bom, até aí o que eu faço da minha vida neste caso vai refletir só na minha bunda. E até ai morreu Neves… Afinal, nunca vou ter uma bunda na nuca mesmo…
Mas foi aí que garanti minha ida para o inferno no vale do eco.
Adentrei o elevador com aquele saco de papelão. A batata grande já jazia dentro de mim, o BigMac ainda não pois o namorado havia me proibido de comer quatro hambúrgueres de 45 andares em um carro em movimento.
Estava ansiosa para chegar ao meu destino mas alguém interrompeu minha viagem.
Era uma vizinha, que voltava da academia com o cabelo engrenhado de suor, depois de fazer das tripas coração nesta segunda-feira.
Ela adentrou, olhou, deu boa noite e virou de costas para mim.
Reparei que ela sacudia suas chaves em um ato de desespero.
Olhei para o saco, olhei para ela, olhei para o andar que ela havia apertado, dei aquela fareja no ar e olhei para o namorado procurando cumplicidade.
Meu nome é Nicole e eu era uma pessoa bacana e não foi a minha preferência políticos que me enviou até o inferno.
Pode apostar.
