Eu sei que estou fora do mercado há algum tempo, o que pode me tornar uma pessoa muito old school na arte da paquera. Bom, o uso da palavra paquera por si só já me entrega, mas ok.
Estamos em uma era que basta duas pessoas próximas se acharem interessantes e bingo! Abre-se o chat da felicidade.
O Tinder me causa ainda muita estranheza. Não sei se gostaria de ter como referência um “catei lá no Tinder”, mas já soube de namoros que começaram com uma catada para direita por lá.
Sou de uma época em que o interessado se aproximava da interessada, e se tudo caminhasse bem a ticada para a direita seria natural.
Mas eis que ainda tenho muito o que aprender. Certo dia fui a um bar com umas amigas, o bar estava lotado e eis que o garçom me aparece com um business card na mão.
– Mandaram te entregar. É o de camisa listrada.
Bom, eu automaticamente me postei de costas para a direção na qual o garçom-cupido-do-mundo-moderno direcionou seu dedo e assim fiquei a noite inteira. Azul de vergonha.
E a refletir.
Gente! Se eu fosse solteira, que que eu iria fazer com um business card em mãos?
Acessar o LinkedIn e procurar saber a posição do cara?
Um business card seria um tipo de carteirada da pegação?
Se eu quisesse deveria entregar o meu? E assim marcarmos de fazer “negócios” por e-mail? Cadê o romantismo do guardanapo com um telefone, senhor? Cadê a cafonice do “Você vem sempre por aqui”?
Eu juro que sou uma pessoa muito educada mas diante daquele approach comercial, sendo namorada de um cara que me conquistou como antigamente, só me restou ver aquele cartão se misturando com diversas filipetas na mesa correndo risco de virar bundinha de copo, provando mais uma vez que o mundo virou uma vitrine de um açougue, onde escolhemos a peça que mais nos interessa e mandamos embrulhar para a viagem.
Mundo moderno, não sei lidar.
Definitivamente.