PONTUALIDADE BRITÂNICA

PONTUALIDADE BRITÂNICA

Certa vez, li que em SP só é atraso quando é o atraso do atraso, caso contrário o atraso já está embutido no horário.

Mas a minha pessoa na hora de entrar na fila do horário em relação aos compromissos antes de nascer, deveria ter sido alocada na área designada como pontualidade britânica, o que já definiria a localidade em que eu iria nascer e o Hugh Grant que iria topar na rua.

Mas sabe-se lá Deus o que aconteceu naquele momento de definição, mas nasci bem longe de tal bom costume.

Quando criança eu era o terror das mães dos meus amiguinhos, já que aparecia para as festinhas sempre no badalar dos sinos.

– Err.. Oi Nicole, mas já?

– Oi tia, como assim já? A festinha não estava marcada para as 18hrs? Então. Pelo meu relógio são 18hrs!

E lá estava eu linda, perfumada e provavelmente com um laçarote na cabeça.

– Espera um pouquinho na sala porque ninguém está pronto ainda e a festa não começou.

E lá eu tomava um chá de cadeira em um mundo tão injusto onde os horários nunca eram respeitados, mesmo quando o compromisso era para se divertir. Que absurdo!

Apertando o FastFoward da vida eis que vim parar em SP, terra onde até eu mais britânica que a avó do Príncipe William nunca consegui chegar no horário exato marcado.

Como conseguir chegar em um horário, onde pelo Google Maps você leva 8 minutos de carro e na realidade fora da internet esse percurso leva 28 minutos? Como chegar no horário, quando por causa de uma falta de luz 45 minutos rotineiros se tornam 2 horas e meia?

E lá chego eu na consulta marcada super sem graça pois o relógio marcava 14:05 e meu horário era 14:00.

Vejo que não estou só e sou informada que a médica está um pouco – um pouco – atrasada e que por isso ainda tem seis pessoas na minha frente.

Como diria um amigo paulista:

“Bem-vinda a Londres ao contrário, aqui atraso é ágio. É uma taxa que vem inclusa em tudo. Ninguém liga.”

Ai eu penso cá com meus botões…

Ninguém? Nem o meu chefe?

Porque eu poderia estar matando, eu poderia estar roubando, eu poderia estar TRABALHANDO mas estou aqui apenas refletindo o porque eu deixei o carregador do iPhone no trabalho.

É São Paulo, ainda precisamos nos entender!

Sobre Nicole

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