Almoço de domingo, Vovó olha o chapéu Panamá encostado ao lado do violão do Tom e lembra saudosa:
– Chapéu “a la Tom”. Tom Jobim. E riu.
– Nicky você sabia que eu era apaixonada pelo Tom? Eu estudava com Helena, irmã dele. Eu deveria ter uns 12 anos e o Tom era alguns anos mais velho que eu.
(…)
– Lembro-me que dançávamos nas festinhas e no final todo mundo aplaudia, era o maior barato. Meu interesse não era muito na amizade com a Heleninha não, eu queria era saber do Tom, sabe aquelas paixões de criança?
(…)
– Mas o Tom depois namorou a Terezinha Hermany e eu namorei o irmão dela, mas lembrando Nicky… não é namoro como hoje em dia, era um flerte (ela carrega no sotaque francês a palavra), mas depois eu soube que ele gostava era de dançar comigo.
(…)
– Ele fazia Arquitetura, mas depois largou, foi fazer essas coisas de maestro né? E deu no que deu…
E continua lembrando de suas amizades antigas.
– Eu conheci o Fernando também, o Sabino sabe? Ele uma vez foi perguntar para minha mãe se eu poderia jantar com ele, minha mãe ficou tão assustada porque Fernando, já era Sabino, que deixou! Fomos naqueles restaurantes gregos que quebram prato, sabe? Depois ele queria que eu fosse para a Europa com ele, vê se pode, é óbvio que minha mãe não iria deixar! Não fui né? Bom.. No final ele acabou casando com uma amiga minha mesmo!
– Pera aí Vó, quer dizer que eu poderia ser neta do Sabino?
– Ah Nicky, se eu tivesse ido para Itália com certeza! Mas imagina, seria um escândalo na época.. Sem casar, imagina!
– Vô, eu tô indo morrer um pouquinho e já volto, tá? Fica aí.