O interior de Minas é lugar de portas abertas.
Lá o tempo passa tão devagar que um cochilo no sofá no meio da tarde jamais será um tempo perdido.
É lugar de mesa repleta de pãozin, queijin e cafezin.
Aquele hino: “Oh Minas Gerais, quem te conhece não esquece jamais” é a mais pura verdade para aqueles que nasceram em outro estado.
No interior de Minas, o mesmo carinho recebido de uma tia distante encontrando seu familiar é replicado a quem nunca foi visto na vida.
A máxima do mineiro deve ser a seguinte: se essa desconhecida tem algum vínculo com ele e eu gosto dele, logo gosto dela.
E assim um primeiro contato visto com parcimônia do lado off-minas é quebrado com um gostoso abraço e a real felicidade em conhecer alguém novo, de verdade.
O povo mineiro te quebra no carinho.
Quem é de fora precisa de pouco para entrar na família. Sim, mineiro é desconfiado, mas se algum mineiro traz alguém de fora automaticamente o período de avaliação é entendido como já realizado.
Recusar comida na casa de um mineiro? Tem problema não! A gente nega e a tia vai lá pega um pouco de pastinha de berinjela e enfia goela abaixo, como a pastinha é uma delicia e é inevitável não omitir essa opinião, lá vai a tia de novo e enfia mais uma vez na sua goela abaixo. Pronto, nenhuma visita sai da casa de um mineiro sem comer algo! Jamais.
Em um dia, Chico Limonada aparece e toma um cafezinho, no dia seguinte Chico aparece vindo direto da roça, vai entrando pela casa e deixa uma sacola na cozinha:
– Ó, trouxe um monte de mandioca e um punhado de batata doce que é para essa casa explodir de tanto gases, tenho que ir nessa!
Eu tive sorte, já que na faculdade fiz minha primeira grande amiga mineira e olhando o tanto de mineiro amado que ganhei depois disso posso garantir, mineiro só tem a agregar e cabe a nós, não-mineiros, aprendermos com esse povo tão coração aberto que leva a vida tão em paz mas tão em paz que tudo que eles querem na vida, enquanto carioca e paulista se bicam e querem dominar o mundo, é passar uns dias na praia tomando sua cervejinha.
E assim eles são felizes.