TUTORES DE CACHORRO SÃO RIDÍCULOS

TUTORES DE CACHORRO SÃO RIDÍCULOS

Sim. Somos. Iria até colocar como título “Donos de cachorro são ridículos”, mas já alterei antes mesmo de esboçar um rascunho.

Para começar pessoas como eu, ridículas I mean, não são capazes de se auto intitular donos de cachorros, porque pessoas assim não acham que os mesmos são objetos.

“Tutores” foi uma forma menos ridícula que encontrei do que escrever “Pais de cachorro são ridículos”, que é o que nós somos.

Pais e ridículos.

Julguem-nos.

Ou julguem-me.

(Se você fala com voz de criança com seu cão, junte-se ao time.)

Enfim.

Meu cachorro não curte ficar sozinho, e foi mimado até a última tampa de mel.

Não sei se por rebeldia ou tédio, toda vez que ele passa cinco minutos ou cinco horas sozinho algo na casa fica revirado, e todos os brinquedos são espalhados como se um furacão tivesse interceptado a casa neste meio tempo.

Então você precisa aprender a dar uma volta em seu próprio cão.

E foi o que eu fiz.

Hoje me peguei saindo de fininho de casa.

Francisco foi dormir o sono dos justos em sua casinha localizada na área de serviço.

Tal casinha só é usada quando ele quer sossego.

Sim, sou daquelas que já sabe mapear variações de humor do próprio cão.

E acho que hoje ele não estava no melhor dos humores e lá foi descansar suas patas.

Ele não poderia me ver saindo de casa,ainda mais em um bad hair day, pensei.

Então sim, no alto dos meus 1,74 de altura distribuídos em não mais meus falecidos 65 quilos habituais – os quais sempre reclamei, me peguei girando a chave de casa tal como uma adolescente clandestina chegando bebassa em casa fora da hora.

Respirei aliviada pela chave estar só com uma volta.

A porta se abriu.

Chequei se Francisco esboçava algum movimento.

Nenhum.

Ufa.

Com todo cuidado do mundo – tal qual aquela mesma jovem enrascada se fosse pega chegando às cinco da manhã ao invés de uma, conforme combinado com os pais, girei a chave para trancar a porta apenas uma vez e chamei o elevador sem quiçá respirar.

Sim. Eu fiz isso.

Três horas depois retorno, abro a porta com cuidado e enfio a cabeça em direção à casinha do Astro Rei.

Ele sai dela descabelado e desnorteado.

Me olha com uma expressão confusa que diz algo como:

– COMO ASSIM? O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AÍ DO OUTRO LADO?

Após questionar isso mentalmente, Francisco se espreguiça tal qual a posição do cachorro nas aulas de Yoga.

Respiro aliviada e o cumprimento com voz infantil, feliz da vida por ter dado uma volta no meu próprio cão.

Se isso não é ser ridícula…

Sobre Nicole

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