Há alguns meses atrás comecei a reparar em um senhorzinho que sempre caminhava lentamente com seu andador até o banco em frente ao Cafeína.
Religiosamente, todos os dias, na hora do almoço.
Sempre lá, fazendo sua pequena caminhada diária.
Sempre sozinho.
Comecei a pensar como o ser humano muitas vezes é mal educado.
A maioria de nós tem a vida agarrada a uma rotina e essa rotina muitas vezes cruza com rotinas alheias que nada tem a ver com você, seu mundo, sua vida.
Será que precisamos apenas ser educados com pessoas que temos contato direto?
Só sei que de alguma forma comecei a me sentir desconfortável por todos os dias cruzar com aquele velhinho e continuar fingindo que ele não existia.
Matutei algumas possibilidades, dentre elas dar uma de maluca e sentar ao lado dele e perguntar sobre sua vida. Mas hoje em dia somos tão fechados que acho que
ganharia um andador na cabeça.
Então resolvi simplesmente cumprimentá-lo com um sorriso.
Pensei com meus botões: Se eu sempre com pressa o vejo acho que ele, sem a minha pressa, também me vê.
A primeira tentativa: Solenemente ignorada.
Mas não me fiz de rogada e todos os dias passei a fazer a mesma coisa, dar o mesmo sorriso.
E foi incrível como com o passar dos dias fui quebrando aquela casca protetora daquele senhorzinho.
Cada dia, em baby steps, conseguindo arrancar um pouco mais.
Hoje depois de muitos sorrisos ensaiados em resposta aos meus ele finalmente sorriu para mim, um sorriso verdadeiro, de graça. Sem antes, inclusive, eu ter sorrido.
Não é nada, não é nada, mas fez meu dia.
E você? Que tal deixar de fingir que alguém não existe só porque você não precisa da pessoa para nada e abrir um sorriso?