Estava abrindo meu painel de controle do blog para escrever… Sim, já faz bastante tempo que não escrevo algo fresquinho, legal, leve e casual. Eu sei disso.
Enquanto esperava o site abrir, fui checar o meu e-mail, e lá havia um e-mail de uma empresa de Head Hunters com o título “Uma dose de inspiração”.
Eu ri.
Estava abrindo o site justamente para escrever sobre meu bloqueio literário e a falta que eu sinto de porres homéricos de inspiração.
Curioso, pois o e-mail era de uma empresa de Head Hunters, e tudo que mais ando fugindo é de qualquer tipo de empresa.
Mas e a trava?
Até a Internet travou e eu estou escrevendo isso no Word, para depois passa-la para o blog!
Mas, está bem. E aí?
O que mais escuto nesses últimos meses são pessoas extremamente chocadas e em constante julgamento com a vida alheia.
Em bom paulistês, posso dizer uma coisa?
Meu, mas que saco! Cuida da sua vida!
O que você faz não é mais importante do que você é e do que você busca.
Nos últimos meses tenho encontrado muitas pessoas que questionam se eu estou trabalhando.
Todos questionam a mesma coisa, antes mesmo de questionar se estou bem, se estou feliz e o que me levou a estar no momento que estou.
Eu acho curioso isso, porque na maioria das vezes as pessoas te julgam sem saber a missa metade do que acontece na sua vida.
E quando respondo que não mandei nenhum CV, e nem pretendo mandar para mercado financeiro ou para qualquer empresa sou imediatamente tachada de loser, preguiçosa ou dondoca.
Pago as minhas próprias contas e faço da minha vida o que eu bem entender, sabe?
O meu (o seu, o nosso) valor nunca deveria ser auferido se você se mata de trabalhar, feliz ou não, trancafiado 14 horas dentro de um escritório.
Se tenho trabalhado? Sim. Tenho feito freelas, que não raro tomam algum dia do meu final de semana, enquanto às vezes tenho dias da semana mais livres do que a maior parte do planeta.
Mas sabe qual tem sido meu maior trabalho?
Recomeçar.
O recomeço do zero por livre e espontânea vontade.
Para alguns deixar para trás uma vida confortável é insanidade, para outros é libertador.
Eu brinco que precisei morar em São Paulo para me libertar.
E toda brincadeira tem seu fundo de verdade, logo posso cantar Freedom com a cabeça para fora da janela com os cabelos voando por aí. Mentira, a 50 km/h meus cabelos não voariam tanto. Obrigada Haddad.
A primeira grana que ganhei, saí para jantar e comemorar.
O jantar deu mais caro do que meu primeiro trabalho, bendito sakê, rs.
Mas a comemoração não estava no montante recebido e sim pelo passo dado.
É preciso coragem, e é preciso mais coragem ainda se você mora em uma cidade onde o importante é o cargo e o sucesso que você tem.
Mas que bosta, né?
Como você explica em um encontro acidental, que não vai durar mais que cinco minutos, tudo o que você passou/pensou para estar neste momento, tentando achar justificativas para a pessoa não te achar uma fracassada.
O que é o fracasso para você?
Fracasso para mim é ser infeliz. É não ter energia, nem motivação. É viver a vida rezando para dar a hora de ir embora. Desejar sua cama mais que tudo e que o final de semana chegue tão logo para que você possa beber e ver um mundo mais relaxado.
Eu preciso constantemente me justificar para o mundo.
Mas aí eu penso, por que? Para que?
O que você acha de mim não vai mudar em nada o que eu farei da minha vida. Graças a Deus.
Mas a gente se importa.
Um pouco, mas nos importamos.
O que eu aprendi nesse meio tempo?
Gente, existe vida fora de escritório!
Existe vida! Inclusive economicamente ativa. Sim, pasmem! A vida é muito mais do que acontece entre as paredes dos grandes escritórios.
Desde que virei minha vida para outra direção, venho fazendo cursos diversos, e gente, deixa eu contar para vocês.
Tenho conhecido tantas pessoas incríveis e interessantes.
Tantas pessoas livres!
Está sendo fácil? Não.
Fácil seria estar acomodada. Com aquela rotina já determinada de todos os dias.
Eu sempre penso que apesar de poder sentar mais no sofá do que antigamente, eu estou constantemente empurrando um sofá em uma mega ladeira nas costas.
(O que vem me deixando cada vez mais forte.)
Curioso.
Eu comecei a escrever um texto sobre bloqueio literário.
E a partir do momento que eu encarei a palavra bloqueio diversas frases foram jogadas em uma folha em branco.
Eu não sabia, quando abri esse documento do Word, o que iria acontecer depois que eu começasse a escrever.
Achava inclusive que o escrever não iria acontecer, visto o tema do texto.
Mas aconteceu. Eu sai da minha zona de conforto e o texto aconteceu.
E é isso que tem acontecido na minha vida.
Quando a gente saí da nossa zona de conforto, as coisas acontecem.
Parece fácil, mas é difícil, viu?
😉
Nicole,
Sinceramente, acho admirável a sua coragem de largar tudo para se refazer. Já fiz isso pelo menos 3 vezes na vida e na primeira delas eu também larguei o mercado financeiro. Simpatizo com sua situação.
E como hoje sou empresário, eu vivo do outro lado do espelho, naquele mundo de pessoas livres. Sabe o que percebi? Ser livre demanda muita disciplina… Enquanto outros tem de lidar com cobranças diárias. Eu tenho de acordar todo o dia procurando um problema para resolver, buscando um norte para mim e para minha empresa. Se você é o seu próprio chefe você tem de ser muito mais duro com seu empregado para que ele trabalhe bem.
Não é moleza não (tanto pelo esforço quanto pela incompreensão dos outros) e por isso simpatizei muito com seu texto. Quando me perguntam numa festinha: “O que você faz?” Eu respondo: “Sou empresário”, torcendo para que não me façam explicar exatamente o que eu faço porque sinceramente, o que eu faço muda todo o dia em que acordo.
Não sei se é este o caminho que você esta buscando (empresariar), mas sei que para as pessoas criativas e com talento para escrever não faltam oportunidades. E se alguém lhe perguntar: “O que você faz?” e você, como eu, engasgar sem uma boa resposta sugiro responder: “Sou livre, e você?”
Caso isso não funcione para desviar o assunto uma rápida e estratégica menção da crise no Brasil deve funcionar. Acredita em mim…
Nossa Paulo! Que comentário (SUPER) bacana!
Pois é! Demorei muitos anos para tomar essa atitude, e concordo em gênero, número e grau sobre as dificuldades de tanta liberdade. Confesso que muitas vezes sinto falta de acordar e saber exatamente o que devo fazer. Não ter ninguém para dar ordens, quando temos esse alguém, parece ser o melhor dos mundos, mas quando mudamos de lado não é tanto assim.
Mas ser livre nos obriga nos reinventar todos os dias, e acredito que assim como eu, cada centavo que você ganha se reinventando tem muito mais valor do que aquele dinheiro “certo” no final do mês naquela empresa que você vai todo dia se arrastando e sofrendo.
E sim, que bom que não sou só eu que engasgo quando alguém faz essa pergunta. Mas não está escrito em todo canto que a vida só acontece quando saímos da nossa Zona de Conforto?
Estamos fora dela, e isso já é um grande passo!
Obrigada pelo seu comentário!
E sim, qqr coisa a gente fala da economia do país! Muito mais polêmico e muito mais preocupante do que a vida alheia (no caso, a nossa!)