Existem coisas que só damos valor quando não temos por perto.
Você pode ler esse post e falar “Ah, que besteira!” mas eu sei que um dia você vai lembrar de mim (bem Roberto Carlos feelings..)!
Eu estou falando das lojas de sucos do Rio!
Vocês já repararam que em qualquer esquina (essshquina) temos Bibis, Kices, BigBis, Polis, BBs e Baladas da vida? Ali prontos pra um “Sai um maracujá na gota”, “Sai um peru mineiro no integral”, “Sai um açaí na tigela”?
Da mesma forma que o mundo da cana tem seus personagens, ou melhor, garçons clássicos – vide Juninho do Jobi – as lojas de suco também fazem suas estrelas da fruta.
Não confundir com homens-frutas, por favor.
Quem nunca pediu atenção ao Marconi em meio a um BB Lanches lotado? “Marconi, um pastel de carne e um morango no leite por favor!”.
Marconi é um clássico, as vezes me questiono se os paparazzis do ego.com vão ao BB atrás de Cauãs e Grazis ou se querem é flagrar o Marconi dando uma mordida em algum pastel delicious escondido!
E a população desses recintos? As casas de suco abrigam todas as tribos, os mocinhos de calça bege e camisa social do mercado financeiro indo fazer uma boquinha entre um call e outro, o povo saindo da praia com aquele aroma de Sundown que é de deixar qualquer trabalhador morrendo de inveja, o ator da novela das oito ao apressado saindo do metrô.
Não podemos nos esquecer também dos bêbados mais saudáveis da madrugada que fogem da saideira em forma de pizza e torcem para que as 5 da manhã sua suqueria – temakeria, kebaberia, pastelaria, suqueria era só o que faltava né? – predileta esteja aberta, pronta para lhe servir uma tigela de açaí para recuperar os sentidos, com granola a parte, claro.
Pois é, essa instituição mais tradicional que Banco do Brasil no Rio de Janeiro e almoço de família de domingo, pasmem, é patrimônio só dos cariocas! Somente!
Como assim, Bial?
Que despautério! Como as outras cidades vivem? Como são felizes? Como respiram? Sexta feira no Globo Repórter.
Brincadeiras a parte, quando viajamos a passeio não chegamos a reparar, mas quando finais de semana passam a ser mais rotinas do que novidades em outras cidades começamos a ter o famoso choque cultural.
Dia de sol, cidade sem praia, entre um compromisso e outro a necessidade de ingestão de algo saudável e rápido, em pé, sem frescuras. Vai até uma esquina, nada, sobe mais três quarteirões, nada.
Nada? É sério isso? A abstinência das lojas de suco chegando ao extremo questiono, brava, indignada, quase revoltada.
Não existe casa de suco aqui? Eu só quero uma laranja com acerola!
E aí serenamente me dão a seguinte explicação: Aqui temos o hábito de comer em casa, de cozinhar, uma casa de sucos em cada esquina não iria vingar, não é de nossa cultura comer “rapidinho” fora de casa. A cozinha é o coração de nossas famílias.
E aí você descobre que as diferenças não estão só no jeito de falar mas como também aonde tomar seu suco!
Na próxima vez bato na primeira porta residencial que me aparecer, faço cara de gato de botas e mostro um copo plástico vazio amassado. Vai que dou sorte e no quintal logo depois da cozinha tem um pé de acerola?! Afinal adaptar-se é preciso e valorizar nossas esquinas cheias de frutas em forma de sucos também!